Escritor russo se alista em batalhão de Donbass

Crítico de Pútin, Prilepin já foi preso várias vezes

Crítico de Pútin, Prilepin já foi preso várias vezes

Kirill Kukhmar/TASS
Vencedor do Prêmio Bestseller Nacional em 2008, Zakhar Prilepin atua como vice-chefe e instrutor político das milícias. Conhecido por declarações polêmicas, escritor compara atual situação na Ucrânia com os “dias da Grande Guerra Patriótica”.

O escritor Zakhar Prilepin, de 41 anos, se uniu a um batalhão da República Popular da Donetsk (RPD) como vice-chefe e instrutor político das milícias, conforme ele mesmo declarou em uma entrevista ao jornal russo “Komsomolskaya Pravda”.

Nos últimos anos, Prilepin já vinha atuando como conselheiro para os líderes da RPD e organizava a entrega de ajuda humanitária a Donbass, além de participar ativamente do debate público sobre o conflito.

O escritor, que já esteve em combate na Guerra da Tchetchênia, tem patente de oficial e não concorda com aqueles que dizem que um escritor nunca deve pegar em armas.

Segundo Prilepin, a lista de escritores russos que participaram em conflitos é enorme. “Naturalmente, você terá que atirar. Aqui eu não me sinto escritor. Todas essas afirmações de que você é um escritor, de que por isso você não deve fazer nada, não me interessam. Quero, escrevo; não quero, não escrevo”, disse.

Prilepin durante os confrontos na Guerra da Tchetchênia (Foto: zaharprilepin.ru)Prilepin durante os confrontos na Guerra da Tchetchênia (Foto: zaharprilepin.ru)

“Aqui é uma guerra. Isso aqui é como nos dias da Grande Guerra Patriótica contra os nazistas. Todos esses companheiros extraordinários como [os escritores] Konstantin Simonov e Serguêi Dovlatov escreviam e, ao mesmo tempo, carregavam armas”, acrescentou ao jornal “Moskovski Komsomolets”, citado pela agência EFE.

As declarações de Prilepin acerca do conflito na Ucrânia também já foram motivo de controvérsia em diversas ocasiões. Certa vez, o escritor se referiu a Kiev como uma cidade da Rússia e disse que ambos os povos são “membros da mesma cultura”.

Prilepin já trabalhou também para o jornal “Novaia Gazeta”, conhecido por sua oposição ao governo, e integrou o agora proibido Partido Nacional Bolchevique. Crítico fervoroso do presidente Vladímir Pútin, o escritor foi preso várias vezes. Entretanto, desde que a Crimeia passou a reintegrar a Rússia, em 2014, as críticas ao líder russo cessaram.


Prilepin (dir.) em seu novo posto em Donbass, no leste ucraniano

Zakhar Prilepin venceu Prêmio Bestseller Nacional em 2008 pelo romance “Sin” (Pecado, em tradução livre) e é hoje um dos escritores mais prestigiados do país. O escritor não possui livros lançados no Brasil.

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