Ucranianos durante votação em Kiev no domingo (25)
EPAApesar de os representantes do partido governista “Solidariedade” terem vencido na maioria dos centros regionais da Ucrânia, parlamentares russos acreditam que os resultados demonstram cansaço e descrédito da população em relação às autoridades e deveriam ser “encarados com reserva”.
“As pessoas começaram a se cansar, por um lado, da retórica pseudopatriótica das autoridades. Por outro, não acreditam plenamente que alguma coisa possa ser resolvida com as eleições”, declarou o vice-presidente do Comitê para Assuntos Internacionais da Duma (câmara dos deputados na Rússia), Leonid Kaláchnikov.
“As eleições locais na Ucrânia registraram um recorde de violações de todas as normas internacionais aplicadas a eleições”, complementou o presidente do comitê da Duma para Assuntos da CEI, Integração Eurasiática e Relações com Compatriotas, Leonid Slútski.
No entanto, segundo OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), que ajudou a monitorar as eleições ucranianas, embora tenha havido uma série de deficiências, o processo “demonstrou o compromisso com o processo democrático”.
Opinião dividida
Em entrevista após o anúncio dos resultados, o presidente ucraniano Petrô Porochenko fez questão de ressaltar que a votação “não levou à divisão da Ucrânia” e que “a tentativa russa de criar no nosso seio uma quinta coluna, pró-Rússia, falhou”.
A opinião foi contestada por especialistas russos, que reforçam o atual cenário de divisão no país vizinho. “Essa divisão fica evidente tanto nos índices de comparecimento às urnas, como nas preferências políticas dos eleitores”, disse à Gazeta Russa o vice-decano da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da Escola Superior de Economia, Andrêi Suzdaltsev.
Relações com Moscou
Nem mesmo os resultados positivos da oposição, que tem um posicionamento moderado em relação à Rússia e a quem Porochenko se referiu quando fez alusão à “quinta coluna”, não representam garantia de melhoria das relações entre Kiev e Moscou.
Para Suzdaltsev, apesar das “acusações de serem pró-Moscou”, a oposição não pode promover uma revisão política em relação à Rússia por causa do “formato do campo político na Ucrânia”. “Apenas aqueles que reconhecerem a Rússia como agressora e que digam que ela terá que devolver a Crimeia à Ucrânia conseguirão fazer política no país”, arrematou o especialista.
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