Furacão em Moscou, neve no verão e Sibéria com 37ºC assustam russos

Rajadas de vento espalharam caos e destruição pela capital russa

Rajadas de vento espalharam caos e destruição pela capital russa

Evguêni Odinokov/RIA Nôvosti
Neve no norte do país em pleno junho, rajadas de vento em Moscou e calor incomum na Sibéria – o ano 2017 tem proporcionado diversas surpresas aos russos. Segundo os cientistas do país, fenômenos climáticos são consequência de aquecimento global.

Os moradores de Murmansk, cidade situada a quase 1.500 km ao norte de Moscou, ouviram uma boa notícia no último dia 22: parou de nevar na região, e a temperatura local aumentou para 4ºC. Um dia antes, uma forte nevasca havia atingido a cidade, e as pessoas reclamaram do desligamento do aquecimento central durante o verão.

Mas engana-se quem acha que essa situação é normal para Murmansk. Embora seja uma das cidades mais setentrionais e frias do país, não é comum nevar na região no final de junho. E esta não foi a única surpresa climática que atingiu a Rússia este ano.

Carro coberto de gelo após nevasca em Murmansk (Foto: Global Look Press)Carro coberto de gelo após nevasca em Murmansk (Foto: Global Look Press)

Moscou pelos ares

Diferentemente de Murmansk, Moscou não está situada dentro do Círculo Ártico e, por isso, não foi houve neve neste mês de junho – o mesmo não pode ser dito sobre maio, porém. Em 9 de maio, quando é celebrado o Dia da Vitória na Rússia, as autoridades tiveram que cancelar o voo de caças do desfile comemorativo devido às condições climáticas adversas. Três dias depois, um do usuário do Facebook ironicamente cumprimentou seus vizinhos publicando uma foto de árvores cobertas de neve acompanha da legenda: “É 100 de fevereiro, camaradas! Um jubileu!”.

O tempo em Moscou variou de sol a nublado ao longo de toda a primavera (que, na Rússia, dura até 31 de maio), mas, talvez, o dia mais difícil da estação tenha ocorrido pouco antes do início do inverno. No último dia 29 de maios, fortes rajadas de vento atingiram a capital russa, derrubando árvores, destruindo o telhado de edifícios e deixando 18 pessoas mortas em decorrência dos ferimentos.

(Vídeo: YouTube/Life channel)

Já neste mês, embora não tenha presenciado neve, Moscou registrou o 15 de junho mais frio em 138 anos, com temperaturas rondando os 10ºC.

Chuvas na Sibéria

Em 2017, o clima parece ter enlouquecido em diversas partes da Rússia. Mas isso não significa que está nevando em todos os lugares.

Enquanto a neve tinha apenas cessado em Murmansk, as cidades da Sibéria Oriental registravam calor anormal. De acordo com Oksana Salnikova, uma meteorologista de Krasnoiarsk (situada a 3.350 km a leste de Moscou), a temperatura local no último dia 21 esteve prestes a quebrar o recorde absoluto, com a marca de 37ºC.

No sul do país são as chuvas que têm causado problemas para os locais. A cidade de Vladikavkaz, capital da República da Ossétia do Norte (1.500 km ao sul de Moscou), transformou-se em Veneza no início de maio passado: as ruas ficaram inundadas, e os carros que tentavam se mover pareciam algo um misto de navio e submarino.

(Vídeo: YouTube/Автодороги Осетии)

Em outras aldeias de montanha da região, chuvas pesadas e constantes continuam castigando os locais, com deslizamento de terra e rompimento de pontes. “Sem água, sem gás, sem luz – é assim que vivemos aqui”, diz uma moradora. O Ministério para Situações de Emergência russo está atualmente evacuando os habitantes.

Granizo acumulado após chuva em Kazan, no Tatarstão (Foto: Global Look Press)Granizo acumulado após chuva em Kazan, no Tatarstão (Foto: Global Look Press)

Paralelamente, em Chita (4.700 km a leste da capital), chuvas de granizo cobriram a cidade como se fosse neve há poucos dias. “Ei, vamos comprar bebida e uma árvore de Natal, já é hora de comemorar o Ano Novo”, brincou um motorista local. Na região dos Urais, os moradores testemunharam tornados sem precedentes, ainda que, felizmente, não tenham provocados fatalidades como em Moscou.

Aquecimento global

Os cientistas estão convencidos de que os fenômenos registrados recentemente no país estão intimamente ligados ao movimento das frentes atmosféricas.

Dmítri Kiktev, vice-diretor do Serviço Hidrometeorológico russo, explica que, devido ao aquecimento global, as ondas de frio do Ártico e o calor proveniente do Sul passam pela atmosfera com mais facilidade, provocando mudanças constantes no clima: de quente a frio, e vice-versa. “O clima está ficando mais ‘nervoso”, disse Kiktev ao “Kommersant”. “E agora podemos sentir esse processo em nós mesmos.”

Tornado também atingiu república russa do Tatarstão (Foto: Global Look Press)Tornado também atingiu república russa do Tatarstão (Foto: Global Look Press)

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