Iúri Drozdov, temido general da KGB, morre aos 91 anos

Drozdov

Drozdov

Serviço de Inteligência Estrangeiro da Rússia
Militar soviético era altamente respeitado tanto por aliados como rivais da URSS. Drozdov participou de algumas das mais importantes missões soviéticas em países estrangeiros e dirigia uma extensa rede de espiões no exterior.

O general e lendário espião Iúri Drozdov, que era encarregado de uma rede de agentes da KGB no exterior durante a Guerra Fria, morreu na quarta-feira (21) em Moscou. A carreira militar de Drozdov somava quase quatro décadas.

Depois de se formar no Instituto Militar de Línguas Estrangeiras em 1956, Drozdov ingressou no serviço de inteligência do país, e sua primeira missão foi na Alemanha, onde atuava em estreito contato com a Stasi (polícia secreta da Alemanha Oriental).

Na KGB, o militar foi responsável pelo trabalho operacional da unidade dos chamados “ilegais”, isto é, oficiais de inteligência à paisana que viviam e trabalhavam no exterior com nomes e biografias falsas.

Essa tarefa desempenhada por Drozdov era considerada uma das mais importantes do Diretório de Inteligência Estrangeira da KGB.

Troca com EUA

A missão mais famosa de Drozdov envolveu a troca do oficial da inteligência soviética Rudolf Abel pelo piloto de avião espião dos EUA, Francis Gary Powers.

Abel, cujo nome real era William Fischer, passou a trabalhar como espião para Moscou nos Estados Unidos a partir de 1948 e foi preso nove anos depois.

Depois de se recusar a cooperar com as autoridades norte-americanas, foi condenado a 30 anos de prisão, e a União Soviética tentou libertá-lo diversas vezes.

Da prisão, Abel se correspondia com oficiais secretos da inteligência soviética, sendo o mais importante deles o seu “primo” Iúri Drozdov.

Moscou e Washington, enfim, decidiram trocar Abel por Powers, que havia sido capturado em 1960 enquanto sobrevoava o território soviético em um avião espião U-2 derrubado pelas forças antiaéreas soviéticas.

A troca ocorreu em 1962 na ponte Glienicke, na fronteira entre as duas Alemanhas.

Invasão ao Afeganistão

Em 1979, as autoridades soviéticas decidiram assassinar o presidente afegão Hafizullah Amin, que era suspeito de manter laços estreitos com a CIA.

A operação foi designada às unidades especiais da KGB e do Exército soviético, e Drozdov desempenhou um papel importante na chamada Operação Tempestade-333.

As Forças Especiais soviéticas invadiram o Palácio de Tajbeg, residência de Amin, em 27 de dezembro de 1979. Anos mais tarde, Drozdov escreveu em sua memória o que o líder soviético Iúri Andropov havia lhe dito ao telefone imediatamente antes de iniciarem a operação: “Nós não queremos isso, mas devemos fazer”.

A operação fazia parte da invasão soviética ao Afeganistão.

A elite da KGB

Inspirado pelo ataque bem-sucedido ao Palácio de Tajbeg, Andropov sugeriu o estabelecimento do Esquadrão de Elite das Forças Especiais da KGB. A ideia foi apoiada por Drozdov, e, em 1981, surgiu o Grupo Vympel (flâmula em russo).

A formação se especializou em atividades no exterior e ficava encarregada da penetração profunda no território inimigo, ações diretas e secretas, proteção das embaixadas soviéticas e ativação de células de espionagem em caso de guerra.

Drozdov tornou-se mentor e curador dessa nova força de elite.

Respeitado por rivais

Drozdov era amplamente elogiado pelos inimigos da URSS. Os meios de comunicação ocidentais referiram-se a ele como um “lendário espião”, enquanto o escritor inglês e o ex-espião Frederick Forsyth descrevia Drozdov como “um dos mais importantes chefe de atividades de inteligência clandestinas da Rússia”.

Participou de diversos operações especiais, embora a maioria das informações sobre suas missões ainda permaneça em segredo de Estado. Ainda assim, sabe-se que Drozdov, sob pretexto diplomático, serviu como oficial da KGB na China, entre os anos de 1964 e 1968, e nos Estados Unidos, de 1975 a 1979.

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