Dmítri Chvetsov e filhos em frente a seu Volga М21V 1957 (Foto: Arquivo pessoal)
Em meados do século 20, a União Soviética exportava carros para vários países da Ásia, África, Oriente Médio e Europa. Tanto é que, na década de 1960, o Moskvitch-408 era um dos carros mais vendidos na Escandinávia, enquanto o GAZ-M20 Pobeda (Vitória) gozava de grande popularidade no Reino Unido.
Em 1970 foi lançado o primeiro Jiguli - VAZ 2101 (ou Lada), cujo modelo era inspirado no italiano Fiat 124. Os cidadãos na União Soviética e em outros países socialistas esperaram anos para ter um carro desses, que acabou ficando popular no Ocidente - só entre os britânicos foram comprados 350 Ladas até 1997.
A partir do final dos anos 1970, o SUV Lada Niva tornou-se o carro mais bem sucedido fora da URSS, porque, além de ser mais barato que os concorrentes, tinha tração nas rodas e boa manobrabilidade. No total, cerca de 500 mil desses veículos foram vendidos no exterior, e muitos ainda podem ser encontrados ainda hoje.
Em maio de 1978, o primeiro lote da Lada 21061-37 foi enviado ao Canadá como modelo internacional especial. No ano seguinte, mais de 5.500 carros desse modelo foram vendidos, e, em 1981, as vendas aumentaram para quase 13 mil veículos.
Lada entra no mercado canadense (Vídeo: YouTube/hifichet)
No Brasil, a Lada chegou ao Brasil em 1990, logo após a reabertura das importações pelo então presidente Fernando Collor de Mello. Só no primeiro ano foram vendidos 15 mil Ladas, e, no auge do sucesso, havia 126 lojas da marca no país.
O sucesso dos modelos Niva e Samara no exterior terminou em 1997 devido à forte concorrência dos fabricantes sul-coreanos e ao design desatualizado dos carros russos. Mas os carros antigos soviéticos ainda colecionam muitos fãs mundo afora. A Gazeta Russa conversou com 5 deles que sequer pensam em trocá-los por carros modernos.
Roman Novakovski, 34 anos, Seattle (EUA), dono de um VAZ 2106 (1983)
Roman e seu Lada VAZ 2106 verde (Foto: Envio Photography and Art)
Roman se mudou para os Estados Unidos quando era estudante e hoje trabalha na Boeing. Juntamente com os amigos, organizou um clube dedicado a carros retrô da USSS que se chama CCCP – Classic Car Club of Pacific (em analogia à abreviatura de União Soviética em russo e alfabeto cirílico).
Juntamente com os amigos, Roman (dir.) comanda o CCCP (Foto: Envio Photography and Art)
Roman e seus companheiros de clube realizam corridas e exposições com alguma frequência veículos. Em 2015, ele comprou seu Lada VAZ 2106 verde do proprietário de um museu de carros soviéticos.
O CCCP realiza exposições de carros vintage (Foto: Envio Photography and Art)
“O carro veio dos Bálticos, e tive que reformá-lo. Agora chama a atenção por onde passamos”, conta Roman. “Eu o uso raramente, portanto, está em boas condições. Só saio com ele quando o tempo está bom, e é sempre como uma viagem ao passado.”
Entusiastas realizam corridas regularmente (Foto: Envio Photography and Art)
“Se alguma coisa quebra, em Miami há uma grande loja de automóveis que também vende peças de carros soviéticos”, diz Roman, acrescentando que também é possível encomendar componentes da Rússia, Ucrânia e países europeus.
Mostra de carros retrô organizada pelo clube (Foto: Envio Photography and Art)
Dmítri Chvetsov, 49 anos, Nova York (EUA), dono de um Volga М21V (1957)
Volga М21V (1957), de Dmítri (Foto: Arquivo pessoal)
Dmítri estudou na Universidade de Construção de Estradas e Automóveis de Moscou, e agora vive e trabalha em Nova York como empresário. Comprou o seu Volga em 2013, na Rússia, e depois o enviou para os Estados Unidos.
Por quase 60 anos, o carro circulou pelas ruas e estradas da região de Moscou, e hoje é um grande sucesso nas vias americanas. Não é à toa que o carro tem site próprio.
Modelo GAZ 21 foi produzido até 1970 (Foto: Arquivo pessoal)
“Meu carro foi restaurado e montado à mão, com atenção meticulosa aos detalhes”, conta Dmítri. “Tentamos ao máximo usar as peças originais soviéticas, e a montagem foi realizada segundo as especificações de fábrica. Antes de ser enviado para os EUA, o veículo participou de três shows de automóveis na Europa e na Rússia.”
“Todos os trabalhos de restauração realizados nos últimos cinco anos me permitem dizer que o meu é um dos Volgas da primeira série mais conservadas da Rússia e, sem dúvida, o melhor Volga nos Estados Unidos. Nos EUA, há mais dois carros como ele, mas ambos não podem circular nas ruas porque estão em mau estado”, continua.
Este é o segundo Volga de Dmítri. O primeiro foi de 1962, mas, infelizmente, foi perdido em 2012 durante o furacão Sandy.
Este é o único Volga da primeira série que circula nos EUA (Foto: Arquivo pessoal)
Segundo Dmítri, as perguntas sobre o carro são frequentes. “Geralmente perguntam como é dirigi-lo. Costuma brincar que é como dirigir um carro soviético de 60 anos ...Mas eu tenho muito prazer em ter uma raridade dessas”, diz.
William Alderman, 21 anos, Londres (Inglaterra), dono de um Lada Riva 2105 (1984)
Lada Riva de William (Foto: Arquivo pessoal)
Este jovem inspetor de construção civil britânico possui um Lada Riva, que ganhou de presente ao completar 21 anos. O carro está atualmente sendo restaurado: o antigo já foi removido e substituído por um motor Zetec, usado pela Ford.
William encontrou seu carro pelo eBay (Foto: Arquivo pessoal)
“Encontramos o carro no eBay e o transportamos de Glasgow para Kidderminster, onde é mantido agora”, conta William. O veículo tinha apenas 16.000 km rodados, e o interior parecia “intocado”.
Este modelo Lada tem direção no lado direito (Foto: Arquivo pessoal)
“Embora já planejasse mudar o motor, eu queria ver por que o carro não estava pegando; então, fiz uma chupeta, e o motor girava, mas não pegava. Eu não sou um mecânico experiente, então demorei alguns dias para descobrir e corrigir o problema. Precisava de uma nova bomba de combustível e bobina de ignição, e então pegou lindamente. Aí aproveitei para dar um pequeno passeio.”
William possui outro Lada Niva, que ganhou aos 13 anos (Foto: Arquivo pessoal)
“Depois, decidi testar as luzes e a buzina. Para minha surpresa, não faltava uma lâmpada sequer, tudo funcionou perfeitamente.”
Benny Sadique, 21 anos, Perth (Austrália), dono de um Lada Niva (1998)
Lada Niva de Benny (Foto: Arquivo pessoal)
Benny procurou por um Niva ao longo de um ano e meio. “Eu acabei de pegar meu Lada e tenho grandes planos para ele. Mas antes vou consertar o sistema elétrico, pois os antigos proprietários o estragaram e não é seguro dirigi-lo no momento”, diz.
“Eu sou um mecânico e especializado em carros alemães e italianos. Toda a parte motorizada nesse Lada é a mesma que a de um Fiat, então, vou colocar um motor Fiat nele para ganhar mais potência.”
Lada Niva de Benny (Foto: Arquivo pessoal)
Dorka Lenkey, 24 anos, Miskolc (Hungria), dona de um Lada 2101 (1981)
Data e modelo do Lada de Dorka estão tatuados em sua perna (Foto: Arquivo pessoal)
Dorka trabalha no bar de uma boate em Budapeste, na Hungria, e comprou seu Lada em junho de 2015. A data, o modelo e o número da placa de seu carro foram tatuados na perna, juntamente com um logotipo da Lada.
“Ele é muito importante para mim”, diz Dorka. “Desde que o peguei, ele passou por uma revisão completa, e o motor ficará pronto a qualquer momento.”
Até o motor do carro de Dora é rosa (Foto: Arquivo pessoal)
Quase todas as peças agora são pretas e rosas.
O painel do carro também combina com o resto (Foto: Arquivo pessoal)
“Antes, meu Lada apresentava muitos problemas, e muita gente acreditava que ele não poderia ser recuperado. Mas eu fui atrás, e agora ele estará pronto em breve. Eu me tornei um fã de Lada por causa do meu pai, que costumava ter um 2101 branco. Eu amo muito meu carro e jamais irei vendê-lo.”
Dorka Lenkey: “É a minha vida!” (Foto: Arquivo pessoal)
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