Acidente com TU-154 foi causado por erro do piloto

Todas as 92 pessoas a bordo do TU-154, músicos e defensores dos direitos humanos.

Todas as 92 pessoas a bordo do TU-154, músicos e defensores dos direitos humanos.

TASS
Avião caiu no Mar Negro pouco depois de decolar para Síria em 2016.

O Ministério da Defesa russo divulgou os resultados da investigação sobre o acidente ocorrido com um avião Tupolev Tu-154 perto de cidade de Sôtchi, no sul da Rússia, no final de 2016.

A aeronave civil-militar, que pertencia ao Ministério da Defesa russo e seguia para a Síria, caiu no mar Negro minutos após a decolagem.

O acidente ocorreu quando o avião pegava altitude, mas não houve sinal de socorro por parte dos pilotos.

Todas as 92 pessoas a bordo morreram, entre elas jornalistas, militares, a diretora-executiva do fundo de caridade Spravedlivaya Pomoshch (Fair Aid) Elizaveta Glinka, conhecida como Dr. Liza, e músicos do conjunto Aleksandrov, coro oficial das forças armadas russas celebraria o Ano Novo com as Forças Aeroespaciais da Rússia na base aérea de Hmeimim, Síria.

O avião desapareceu das telas de radar às 05h40 (horário local de Moscou), pouco depois de decolar do balneário de Sôtchi (1.620 km a sul da capital).

 "A investigação descobriu que o acidente foi provocado por perda de orientação espacial do primeiro piloto da aeronave”, lê-se no comunicado do Ministério.

Os investigadores afirmam que o capitão do avião “teve dificuldades em estabelecer sua localização" enquanto ainda estava em terra, esperando a decolagem. Ele não conseguia entender qual pista devia usar para decolar e estava nervoso.

Sete segundos após a decolagem, um conflito começou na cabine do avião: o capitão começou a discutir com a equipe sobre a rota do avião. A disputa foi acompanhada de palavrões e insultos.

Os investigadores acreditam que nesse momento o capitão perdeu o controle sobre a aeronave e distraiu a equipe, que parou de ler os parâmetros do voo. 

Mais tarde, quando o avião pegava altitude, o capitão empurrou o manche e baixou o nariz do avião. Apenas 53 segundos após a decolagem, a 157 metros de altitude, o capitão mandou recolher os flaps e, assim, violou os regulamentos de voo que proíbem essa ação a altitudes menores que 500 metros. 

Devido à posição do manche, o avião começou a cair de uma altitude de 231 metros.

Segundo a investigação, as ações subsequentes do capitão, que tinha perdido totalmente o controle sobre a situação e a orientação espacial, levaram a uma perda de altitude três vezes mais rápida do que a taxa de descida normal. 

Os investigadores afirmam que o avião já estava condenado depois de decorridos 70 segundos do voo, quando o adernamento ultrapassou os 50 graus e a aeronave começou a cair, a uma velocidade de 540 km/h.

Os especialistas concluíram que a situação crítica foi causada por cansaço emocional e físico do capitão, que não tinha a experiência necessária em voos em condições difíceis.

Primeiro piloto teria se mostrado em estado de confusão metal antes e durante decolagem. Causa principal teria sido a falta de descanso entre voos. / Foto:Nina Zotina/RIA NôvostiPrimeiro piloto teria se mostrado em estado de confusão metal antes e durante decolagem. Causa principal teria sido a falta de descanso entre voos. / Foto:Nina Zotina/RIA Nôvosti

Por esse motivo, os investigadores responsabilizaram parcialmente pelo acidente o comando da 800ª base aérea das Forças Aeroespaciais, onde o capitão do Tu-154 servia. 

Os investigadores afirmam que o comando da base aérea violou mais de 20 diretivas.

Essa conclusão descarta uma série de teorias colocadas inicialmente, entre elas a falha técnica e a de excesso de carga útil a bordo.

"A investigação apenas confimou a teoria de que o piloto perdeu a orientação espacial", diz o diretor do laboratório internacional da Universidade das Tecnologias de Informação, Pável Bulat.

Segundo ele, o comando da 800ª Base Aérea é o responsável pelo acidente.

"Eles eram os responsáveis pelo voo. A tripulação não conseguiu descansar do voo anterior. É dificil perceber por que essa tripulação começou um novo voo durante a noite sem o descanso necessário”, completa.

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