Segurança foi reforçada nas estações de São Petersburgo após ataque terrorista
APUma mensagem do grupo extremista Katibat al-Imam Shamil (Batalhão Imam Shamil) em que a organização assume a responsabilidade pelo ataque terrorista em São Petersburgo foi publicada em 24 de abril em um site mauritano.
O grupo terrorista, até então desconhecido, já havia se dirigido para o “povo russo” com o pedido de que pressionasse o governo a cessar “a guerra contra os muçulmanos na Síria, na Tchetchênia e na Líbia”.
Na declaração divulgada, o grupo aponta o executor do ato em São Petersburgo, Akbarjon Djalilov, como um de seus membros e adverte para novos ataques no país. Segundo o jornal britânico BBC, o Batalhão teria mantido contato com membros influentes da Al Qaeda por meio do aplicativo de mensagens instantâneas Telegram.
Pouco se sabe sobre a formação do grupo, contudo. Acredita-se que o nome mencionado no site mauritano seja uma homenagem ao extremista tchetcheno Shamil Basaev, que lutou ativamente nas duas guerras da Tchetchênia, nas décadas de 1990 e 2000. Mas também poderia ser uma alusão a Imam Shamil, que uniu os montanheses do Cáucaso do Norte no século 19 para lutar contra a Rússia por várias décadas.
“Brotam como cogumelos”
O fato de que o grupo era desconhecido anteriormente não significa que a declaração é falsa, acreditam os especialistas.
Na opinião de Serguêi Demidenko, acadêmico do Instituto de Estudos Sociais da Ranepa, é provável que o grupo, de fato, exista. “É impossível prever a aparência de tais estruturas. Em geral, esses tipos de grupos aparecem, tentando provar que são capazes, para jurar fidelidade a algo mais substancial (a Al Qaeda, por exemplo). O número desses grupos é infinito. Eles costumavam brotar como cogumelos no Iraque no passado”, disse à Gazeta Russa.
Posição semelhante é compartilhada pelos diretores do Centro para Estudos do Oriente Médio e Ásia Central, Semion Bagdasarov, e do Centro de Análise de Conflitos do Oriente Médio no Instituto RAS dos EUA e Canadá, Aleksandr Chumilin.
“Não há nada estranho no fato de que a declaração ter aparecido em um site mauritano: os jihadistas usam qualquer plataforma acessível para difundir suas mensagens”, explica Chumilin.
Terroristas de volta
Para Chumilin, a aparição do chamado Batalhão pode ser a prova de que mudanças sérias estão ocorrendo nas fileiras dos terroristas.
“Enquanto as principais organizações terroristas reagrupam suas forças, e as formações básicas do Estado Islâmico na Síria e no Iraque estão sendo destruídas, os militantes se moverão para a periferia, para lugares como o Norte do Cáucaso”, diz.
Demidenko destaca também a existência de diversos cidadãos russos lutando entre os extremistas no Oriente Médio. “Alguns grupos na Síria são integralmente formados por tchetchenos. À medida que são expulsos da região, vão regressando à Rússia.”
Ao ordenar a prisão de um dos réus no caso, a juíza afirmou haver possibilidade de ligação entre os militantes que realizaram o ato terrorista no metrô de São Petersburgo e extremistas no Oriente Médio. Também mencionou informações sobre um possível financiamento do ato por membros de um grupo extremista internacional na Turquia.
Para combater as ameaças dos jihadistas, a Rússia precisa desenvolver uma estratégia complexa, acreditam os especialistas. Não se trata de lutar no Oriente Médio. Nesse caso, os extremistas voltarão mais depressa a seus países, incluindo a Rússia.
Demidenko acredita que os serviços especiais russos “devem se concentrar nas casas dos extremistas – se, quando retornarem, está tudo em ordem”.
Segundo o analista, os adeptos do radicalismo islâmico não serão derrotados por meio de medidas operacionais, uma vez que a vitalidade de sua ideologia é condicionada pelo componente social. Suas ideias igualitárias são orientadas aos humilhados e ofendidos. Basicamente, trata-se de uma nova versão da ideologia esquerdista”, diz.
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