Família, religião e vingança unem autores de atentados na Rússia

No dia 3 de abril, Akbarjon Djalilov explodiu a si mesmo entre as estações do metrô Sennaya Ploshad e Tekhnologichesky Institut, matando 14 pessoas.

No dia 3 de abril, Akbarjon Djalilov explodiu a si mesmo entre as estações do metrô Sennaya Ploshad e Tekhnologichesky Institut, matando 14 pessoas.

ZUMA Press/Global Look Press
Passado de terroristas nem sempre revela suas intenções.

Quem são os terroristas que cometeram os atentados à bomba mais recentes na Rússia? A Gazeta Russa traçou um perfil desses homens e mulheres dispostos a matar - e morrer - por uma causa.

Djanet Abdurakhmánova e Mariam Charípova – autoras do ataque terrorista no metrô de Moscou em 29 de março de 2010

No início da manhã de 29 de março de 2010, Djanet Abdurakhmánova, uma jovem de 17 anos, acionou um dispositivo explosivo ao sair de um vagão do metrô na estação Park Kulturi. A explosão matou 12 pessoas.

Mariam Charípova Foto: RIA NóvostiMariam Charípova Foto: RIA Nóvosti

Moradora de uma aldeia do Daguestão, criada sem o pai, fugiu de casa aos 16 anos, após um namoro virtual com o terrorista Umalat Magomedov, de 30 anos, com quem se casou. Após a morte de Magomedov por agentes do FSB (Serviço Federal de Segurança), em dezembro de 2009, Abdurakhmánova, que gostava de ser fotografada com armas nas mãos, explodiu a si mesma no metrô da capital.

A cúmplice de Abdurakhmánova, Mariam Charípova, tinha 28 anos de idade no momento da explosão que provocou a morte de 24 pessoas na estação Lubianka. De acordo com relatos da mídia, Charípova vivia na aldeia de Balakhani, situada nas montanhas e que tinha a má fama de ser um “ninho de guerrilheiros”. Charípova era uma pessoa fechada, muito religiosa, e trabalhou como vice-diretora de uma escola de ensino médio.

Charípova chamou a atenção dos órgãos de proteção da lei em função de ter laços familiares com terroristas: segundo algumas informações, ela era esposa do guerrilheiro daguestanês Magomedali Vagabov, e, de acordo com outras, ela era esposa de um terrorista apelidado de Doutor Mukhammad. Charípova também era irmã de Ilias Charípov, preso em 2008 sob a acusação de armazenar uma granada, sequestrar uma pessoa e manter ligações com terroristas.

Magomed Evlôev – autor do ataque terrorista no aeroporto Domodedovo em 24 de janeiro de 2011

Em 24 de janeiro de 2011, Magomed Evlôev de 20 anos, nativo da Inguchétia, explodiu a si mesmo no saguão de chegada de voos internacionais do aeroporto Domodedovo, em Moscou. Evlôev não era o único terrorista da família: sua irmã, Fátima Evloeva, era casada com o terrorista Bekkhan Bogatirev, morto por agentes do FSB no verão de 2010.

De acordo com depoimentos dos pais de Evlôev, ele saiu de casa duas semanas após a morte de Bogatirev, dizendo-lhes que estava indo  trabalhar em outra cidade. Segundo relatos da mídia, foi nessa época que o terrorista entrou para um grupo de homens-bomba.

O grupo de mídia RBC relatou que o terrorista foi convocado para a Marinha russa e serviu em Vladivostok, até ser dispensado devido ao agravamento de uma úlcera gástrica. Acredita-se que foi a sede de vingança pela morte do marido de sua irmã que levou Evlôev a se explodir.

Naida Asiálova - responsável pela explosão de um ônibus em Volgogrado em 21 de outubro de 2013

Naida Asiálova Foto: RTNaida Asiálova Foto: RT

Quem fabricou o dispositivo explosivo para Asiálova foi o homem com quem ela vivia, Dmítri Sokolov, um terrorista que havia se convertido ao Islã e que ela conheceu em um curso de língua árabe. Depois de iniciarem o relacionamento, os terroristas mudaram-se para o Daguestão, onde Sokolov fabricava dispositivos explosivos para guerrilheiros.

O grupo de mídia RBC relata que Asiálova cortou todos os laços com sua família e estava gravemente doente. Uma doença na cavidade oral estava consumindo seu tecido ósseo, e na ocasião foi organizada uma campanha na rede social VKontakte para arrecadar fundos para o seu tratamento. A explosão do ônibus em Volgogrado causou a morte de oito pessoas. Pouco tempo depois, o companheiro de Asi´álova foi morto por agentes de segurança da Rússia.

 

Asker Samédov e Suleiman Magomédov - autores das explosões em uma estação ferroviária e em um trólebus em Volgogrado nos dias 29 e 30 de dezembro de 2013

Asker Samédov and Magomed Isaiev Foto: RTAsker Samédov and Magomed Isaiev Foto: RT

Embora a mãe do terrorista Asker Samédov vivesse em Moscou, ele foi criado por uma tia que morava no Daguestão. Após terminar a escola, Samédov ingressou na academia de medicina, que abandonou no segundo ano, passando a frequentar uma mesquita wahabbita. De acordo com a tia, Samédov desapareceu no dia 30 de maio de 2013. Em dezembro do mesmo ano, Samédov e seu cúmplice, Suleiman Magomédov, executaram os ataques terroristas em Volgogrado, que tiraram a vida de 25 pessoas.

A mídia não fornece praticamente nenhuma informação sobre o passado do cúmplice de Samédov, que explodiu a si mesmo em um trólebus um dia após a explosão na estação ferroviária, exceto que Magomédov também integrava um grupo terrorista de Buinaksk.

Akbarjon Djalílov - autor da explosão no metrô de São Petersburgo em 3 de abril de 2017

Akbarjon Djalilov Foto: Russian Archives/Global Look PressAkbarjon Djalilov Foto: Russian Archives/Global Look Press

O nativo do Quirguistão de 22 anos de idade recebeu cidadania russa logo após se mudar para São Petersburgo, em 2011. Tendo abandonado a escola depois do oitavo ano, Djalílov trabalhou em um serviço de manutenção e reparo de automóveis e depois em um sushi-bar, escreveu o RBC. Parentes do terrorista o descrevem como um muçulmano não muito religioso, que “às vezes lia o namaz”. Sua imagem ficou gravada na memória da professora orientadora de sua classe como um “menino tranquilo”. No dia 3 de abril, Djalílov explodiu a si mesmo entre as estações do metrô Sennaya Ploshad e Tekhnologichesky Institut, matando 14 pessoas.

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