Na Rússia, todo bebê dorme em seu carrinho na rua ou na varanda mesmo que façam 10 graus negativos.
Maksim Bogodvid/RIA NovostiA licença-maternidade oficial russa é tão longa que pode chegar a três anos. Ela permite que a futura mãe se prepare bem para o parto, já que, em geral, a mulher deixa o posto de trabalho no sétimo mês de gravidez. Muitas mulheres retornam ao trabalho quando a criança completa um ano e meio – quando deixam de receber o salário parcial mantido no período. Mas também há quem prefira não interromper a carreira e retorne já alguns meses após o parto.
2. O fenômeno das vovós russas
Maior parte das crianças passa quase todo o verão na “datcha” de suas avós / Foto: R. Netelev/RIA Novosti
“A principal diferença entre vovós e vovôs russos e os americanos e europeus está na ideia de que eles devem (por vezes, até quando não lhes pedem) ajudar, e de que os netos são responsabilidade sua”, escreve Tanja Maier. Ajudar na primeira semana após o parto, cuidar da criança enquanto a mamãe vai à manicure, pegar o neto no jardim de infância: essa é apenas uma parte da lista dos afazeres que integram a agenda de qualquer vovó russa. A maior parte das crianças passa quase todo o verão na “datcha” (casa de campo russa) de suas avós enquanto seus pais trabalham na cidade.
3. Prontidãoaexperimentar
No livro “Motherhood, Russian-Style” (“Maternidade à russa”, em tradução livre), Tanja fala, com um ponto de vista bastante imparcial, primeiramente, sobre as mamães russas vivendo nas cidades grandes com bons rendimentos. Tanja conta que as mamães russas estudam cuidadosamente as maternidades - que na Rússia vão de um nível confortável, comparável ao das europeias, até o soviético, mais desgastado. Como no resto do mundo, também na Rússia está em voga o parto em casa ou na banheira. Muitas mamães também buscam fazer o parto nos EUA para prover as crianças com cidadania americana. Nos últimos anos, as russas também têm se interessado por diferentes modelos de educação: os jardins de infância Montessori, educação Waldorf, escolas secundárias voltadas a línguas e, seguindo a onda europeia, babás filipinas.
4. Tributo à tradição
Junto aos esforços para dominar as principais conquistas de diversas outras culturas, as russas se apoiam em muitos pontos na experiência das gerações mais velhas. Na Rússia, todo bebê dorme em seu carrinho na rua ou na varanda mesmo que façam 10 graus negativos, anda de chapéu e veste meias-calças, independentemente do sexo, quase até a idade de ir à escola primária. Uma tradição positiva que se mantém desde os tempos soviéticos é a da massagem revigorante que se faz em quase todo bebê até um ano de idade. E o mais importante: toda criança ouve histórias antes de dormir até quase a adolescência. Tanja ressalta que “incutir o amor à leitura, para a mãe russa, é uma questão de honra”.
5. Desconfiança dos médicos
Infelizmente, os hospitais públicos na Rússia muitas vezes são restos de um passado soviético, por isso toda mamãe russa é também sua própria médica. Qualquer prescrição médica é checada duas vezes, e muitas vezes esses pais desconfiados passam por diversos especialistas até por coisas bobas, como um nariz escorrendo. Essa desconfiança exagerada, porém, leva algumas mães a tomar uma atitude radical contra a vacinação, segundo Tanja, argumentando que essa poderia “sobrecarregar” o organismo da criança.
6. Alimentação saudável
Tanja ressalta que, diferentemente do que ocorre nos EUA, onde a gravidez dá carta branca para a mulher engordar e comer descontroladamente, na Rússia as mamães e seus médicos verificam atentamente cada quilograma ganho durante esse período. Não é de se estranhar que as mamães russas voltem a estar em forma logo após o parto. Crianças até seis meses frequentemente se alimentam apenas do leite materno, e após isso são introduzidas a uma dieta composta por comidas para bebê que ocupam fileiras inteiras nos mercados e nas lojas especializadas espalhadas por todo território russo - e as mães russas seguem cuidadosamente essa dieta. Na ração diária desses bebês há verduras e legumes, frutas frescas, aveia, sopas, peixes, ricota e kefir, espécie de iogurte natural russo que as crianças bebem muito à noite.
7. Amor ao mar
Os longos e turvos invernos levam os russos todos, como escreve Tanja, a cultivarem “uma relação fanática com as férias de verão”. Levar as crianças para passarem no mínimo duas semanas ao mar é também questão de honra para qualquer mamãe russa. Se o tempo e a situação financeira permitem, então um mês inteiro ou dois são passados à beira do mar, mas se não, as crianças passam os verões na datcha, em um acampamento, em qualquer lugar longe da cidade. Uma nova tendência entre os moradores de cidades grandes são as férias de inverno na Ásia - por exemplo, na Tailândia.
8. Papel do pai
A Rússia também entra na tendência mundial de uma maior participação paterna na criação dos filhos. Mas, segundo, Tanja, “na Rússia os maridos não seguem instruções das esposas: eles mesmos escolhem seu grau de participação na vida da criança”. Pode-se dizer que as mamães russas não esperam realizações significativas de quaisquer tarefas concretas, mas ficam felizes apenas com a iniciativa masculina. E, claro, é preciso ressaltar que na Rússia as mulheres buscam se cuidar, mesmo quando estão em casa tomando conta das crianças. Por isso, na Rússia, aquela loiraça de TV com pernas longas, bolsa de marca e mãos feitas que você encontra a cada esquina pode muito bem ser mãe de dois.
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