Homem segura cartaz com foto de Iéltsin em uma manifestação pró-democracia em março de 1991, em Moscou
Peter Arkell/Global Look PressO ano de 2016 marcou o 25º aniversário do fim da União Soviética. E também marcou o 85º aniversário do nascimento de um homem cujo nome na Rússia relaciona-se ao desaparecimento da superpotência: o primeiro presidente eleito democraticamente no país, Boris Iéltsin.
No ano passado, eventos dedicaram-se a lembrar o aniversário do presidente, e criar a oportunidade de se refletir sobre a herança deixa por ele, que fica entre dois extremos —a esperança e o desejo do nascimento, em 1991, de uma nova nação, a Federação Russa, ou a experiência trágica da queda de uma superpotência e a transição dos primeiros anos pós-soviéticos.
Alguns membros do círculo de Iéltsin nos anos 90 lembram que estado queriam construir. “As ações do presidente digiriam-se à criação de uma Rússia digna que, recuperando os restos deixados pelo império soviético, comportaria-se como um país respeitável e atraente para a comunidade internacional”, declarou Guenn´ádi Burbulis, em uma mesa redonda sobre o período.
Iéltsin, o Grande
Burbulis foi o único secretário de Estado da história russa recente —e o posto durou apenas 1,5 anos—, e era amigo próximo de Iéltsin. O ex-secretário o descreve como um homem “fora do comum” e um “excelente político”.
Também de maneira positiva declarou-se o ex-líder da Bielorússia, Stanislav Shushkevich. Em entrevista à Gazeta Russa, Shushkevich, que assinou ao lado de Iéltsin e do líder da Ucrânia Kravchuk os Acordos de Belaveja, que oficializou o fim da URSS, diz que Iéltsin era um homem “generoso, decente e honrado”. “Nem mesmo quando estava bêbado voltava atrás em suas decisões”, completou, fazendo referência à relação do ex-presidente com a bebida alcóolica.
Ex-presidente Boris Iéltsin (centro) agita bandeira nacional durante manifestação próxima à Casa Branca russa; líderes celebravam vitória da democracia russa e fracasso do golpe de Estado Foto: Andrêi Babuchkin/TASS
Para o Shushkevich, foi a assinatura de Iéltsin no documento de Belaveja que impediu que a URSS repetisse a história de conflito e separação da ex-Iugoslávia.
E as falas destes dois homens políticos que conviveram com Iéltsin não são isoladas. O presidente Pútin, em 2015, elogiou a força de vontade de Iéltsin em um de seus discursos, e alguns anos antes já havia dito que ele conseguiu tirar a Rússia de uma estrada sem saída.
A opinião pública, no entanto, não é tão complacente. A população parece não perdoar Iéltsin pelos anos de dificuldades durante a primeira década após o final da URSS. O ex-presidente é culpado pela difícil situação econômica vivida na década de 90, o desemprego, a corrupção e alguns o consideram responsável pela derrota na guerra da Tchechênia.
Para frente ou para trás?
Outra porção da população parece olhar sob um outro ponto de vista, e perguntam-se como as reformas progressistas implementadas por Iéltsin transformaram-se na Rússia atual de Vladímir Pútin, que muitos reprovam por tentar restaurar a União Soviética.
“Em algum momento da primeira década dos anos 2000 começamos a andar para trás”, declarou Víktor Cheinis, líder do partido liberal russo Iábloko.
No campo econômico, esses “democratas da primeira onda”, como se chamavam os partidários das reformas implementadas por Iéltsin, não compreendem como o país chegou à crise econômica e à estagnação atuais, explica o economista Dmítri Trávin.
Para a maiora dos russos, no entanto, essas questões não estão na mira. Os sucessos e as vitórias de Iéltsin são cada vez menos lembrados. Segundo as pesquisas, em 10 anos, a porcetagem da população que não se lembra do impacto positivo da presidência de Boris Iéltsin passou de 28% para 52%.
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