Excesso de peso é equivalente entre homens e mulheres, mas obesidade aflige mais sexo feminino.
Vladímir Viatkin/RIA NôvostiDesde os anos 1990, tem-se notado que Rússia vem engordando. Em 2015, 24% dos russos acima dos 15 anos de idade - cerca de 35 milhões de pessoas - estavam obesos, contra os 11% contabilizados em 2002, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) e do Gloval Health Obervatory. A OMS considera ainda que 58% dos adultos na Rússia estejam acima do peso.
Segundo as estatísticas russas, porém, 48% dos adultos do país estavam acima do peso em 2014. Esse índice já incluiria os 21% de obesos, de acordo com avaliações dos especialistas da Escola Superior de Economia de Moscou baseadas em dados do Monitoramento Russo de Situação Econômica e de Saúde da População colhidos em 28 unidades federativas do país.
Período de engorda
Entre os cidadão acima do peso no país, a proporção de homens e mulheres é equivalente. A obesidade, porém, incide mais sobre o sexo feminino.
Os homens constituíram apenas 30% do total de adultos obesos em 2014, o que equivale a cerca de 1,55 milhão de pessoas, segundo o Ministério da Saúde da Rússia.
A difusão da obesidade entre homens porém tem ocorrido mais rapidamente: se em 1993 eles eram 11,8% dos obesos e 26,6% em 2013, o grupo feminino foi de 26,4% em 1993 para 30,8% em 2013, de acordo com o Centro de Medicina Profilática do Ministério da Saúde.
De 1994 a 2004, durante a transição de uma economia planificada para a economia de mercado, os obesos se tornaram mais de 38% da população russa, de acordo com as pesquisadoras Sonia Kostova-Khafman, da Universidade do Iowa (EUA) e Marian Rizov, da Universidade de Lincoln (Reino Unido).
Baseadas em dados do Monitoramento Russo de Situação Econômica e de Saúde da População, elas chegaram à conclusão de que, se em 1994 o russo adulto pesava, em média, 71,9 quilos, em 2004 ele chegou aos 74,4 quilos. O peso médio dos homens especificamente, deu um salto dos 74,8 quilos para os 76,7 quilos, e das mulheres, de 69,9 para 72,2 quilos.
Nos anos 1990, os vilões do peso foram as porções exageradas e os petiscos. A partir dos anos 2000, acrescenta-se ainda a falta de atividades físicas.
"Quem está no grupo de risco são, principalmente, os que têm uma vida sedentária", diz o médico Iúri Iashkov, conselheiro da Federação Internacional de Cirurgia de Obesidade.
Alutanãocomeçou
O excesso de peso e a obesidade, de acordo com dados da OMS, já atingem 30% da população mundial e são alarmantes.
Desde 1975, o número de adultos obesos no país sextuplicou, chegando aos 640 milhões em 2014, de acordo com pesquisa publicada em abril de 2016 pela publicação científica Lancet que teve participação da OMS. Os que estão acima do peso, por sua vez, ultrapassaram a quantidade daqueles que estão abaixo.
A Rússia, porém, ainda não declarou guerra contra o problema. Os dados do Rosstat e do Ministério da Saúde da Rússia estão distantes da realidade, de acordo com especialistas, e muitos casos não são diagnosticados corretamente.
"O Ministério da Saúde ainda chegou a cortar do programa estatal para 'Desenvolvimento da Saúde até 2020' esses indicadores, assim como o aumento daqueles que estão acima do peso entre adultos (quando o índice de massa corporal ultrapassa 30), e a cobertura de exames médicos profiláticos entre adolescentes", diz o médico Eduard Gavrilov.
Consequências econômicas
Entre os países que têm a economia mais prejudicada pela obesidade no mundo, a Rússia fica em terceiro lugar, atrás apenas do México e dos Estados Unidos, de acordo com a companhia de dados Maplecroft. Nos Estados Unidos, a obesidade consome US$ 153 bilhões por ano, ou seja, 1% do PIB.
A pesquisadora Marina Kolosnítsina afirma, com base no Monitoramento Russo de Situação Econômica e de Saúde da População, que os gastos em atendimento médico e remédios com os obesos no país seja quase o dobro que com pessoas que se mantém no peso.
Na Rússia, quase 44% dos casos de diabetes mellitus tipo 2 estiveram relacionados à obesidade, assim como mais de 20% dos casos de doenças coronárias, e de 7% a 40% dos casos de alguns tipos de câncer.
"A infertilidade também é causada, frequentemente, pelo excesso de peso ou pela obesidade", diz o dr. Eduard Gavrilov.
Os gastos para tratamento de três doenças comuns em pessoas obesas - desordem circulatória aguda, infarto agudo do miocárdio e diabetes do segundo tipo - chegaram aos 369 bilhões de rublos, ou seja, 70% dos gastos do orçamento, de acordo com artigo do Almanaque de Medicina Clínica de fevereiro de 2015.
Versão reduzida de texto publicado originalmente pelo jornal Kommersant.
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