“É uma luta conta as consequências, e não contra as origens do terrorismo. É necessário erradicar o terrorismo das mentes e corações das pessoas que são suscetíveis aos ideais radicais de islamistas”, diz analista
ReutersEmbora muitos países europeus, especialmente a França, tenham reforçado suas medidas de segurança após os ataques em Bruxelas e Paris, o recente atentado ocorrido em Nice mostra que os terroristas continuarão a colocar o extremismo em prática.
Especialistas em segurança russos afirmam que a tragédia de Nice é um sinal de que os eventos são imprevisíveis e podem acontecer em qualquer lugar.
O pesquisador Serguêi Markedonov, da Universidade Estatal Russa de Humanidades, explica que cada país tem a sua própria experiência na luta contra o terrorismo.
“É impossível copiar as estratégias dos outros países e é muito difícil criar um plano comum de luta contra os terroristas”, diz.
Segundo o professor da Universidade da Relações Internacionais de Moscou, Akhmed Ialikapov, são várias as razões pelas quais a Europa, e especialmente a França, tornaram-se alvos dos terroristas.
“Primeiro, a França tem problemas estruturais em seus serviços de segurança. Além disso, o tamanho do país e seu lugar no cenário internacional permite causar imenso barulho na mídia e nas redes sociais”, diz Ialikapov.
Markedonov argumenta que os ataques em Nice revelam não que o sistema de segurança na França seja fraco, mas simplesmente que o governo da União Europeia não entende as profundas raízes do terrorismo.
“Os líderes da União Europeia não ajudam e não explicam aos serviços de inteligência como é preciso lutar contra as ameaças do terrorismo islâmico”, diz Markedonov.
Segundo ele, o aumento da segurança nos aeroportos e outros locais públicos não ajuda a resolver o problema.
“É uma luta conta as consequências, e não contra as origens do terrorismo. É necessário erradicar o terrorismo das mentes e corações das pessoas que são suscetíveis aos ideais radicais de islamistas”, diz.
“Diversos ataques são realizados não por imigrantes da Síria ou de outros países do Oriente Médio, mas por cidadãos desses próprios países europeus que se tornaram seguidores de ideais radicais islâmicos”, acrescenta Markedonov.
O diretor do instituto de pesquisas de opinião pública Centro Carnegie, Dmítri Trênin, afirma que, para combater o terrorismo, é preciso unir as forças internacionais no Oriente Médio e na Ásia, onde estão localizados os campos de treinamento dos terroristas.
“O terrorismo islâmico pode se expandir na Ásia Central, e a Rússia tem que reforçar suas ações nessa região, uma vez que o Afeganistão tem fronteiras com ex-repúblicas soviéticas [cujos cidadãos não precisam de visto para entrar na Rússia]. São superficiais as informações que temos sobre o que acontece abaixo em muitas partes do vale Fergana [região que inclui o leste do Uzbequistão, sul do Quirguistão e o norte do Tajiquistão]", diz Trênin.
Publicado originalmente pelo Russia Direct
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