Igreja Ortodoxa Russa desaconselha colegiais a ler Tchekhov e Búnin

Líderes religiosos vêm propondo criação de lista de diretivas para uso nas escolas, que deve ser vaga, segundo os próprios. Adultério, segundo declarações, não deve constar de obras.

Líderes religiosos vêm propondo criação de lista de diretivas para uso nas escolas, que deve ser vaga, segundo os próprios. Adultério, segundo declarações, não deve constar de obras.

wikipedia.org
Nobel que acaba de ser traduzido no Brasil seria "bomba-relógio" que "vai contra a formação do ideal de família".

O porta-voz da Comissão Patriarcal para Questões de Família, da Proteção da Maternidade e da Infância da Igreja Ortodoxa Russa, Artêmi Vladímirov classificou como "bomba-relógio" para estudantes colegiais uma série de contos dos escritores Anton Tchekhov (1860-1904), Ivan Búnin (1870-1953) - vencedor do prêmio Nobel de Literatura que acaba de ter obra lançada no Brasil - e Aleksandr Kúprin (1870-1938).

Segundo Vladímirov declarou, e a comissão divulgou em comunicado, o conteúdo dos escritos deles não estão de acordo com a "formação do ideal de família".

Ele disse ainda que a literatura russa tem uma grande quantidade de obras para a formação do "ideal de família", mas os metodologistas escolhem para os colegiais justamente aquelas que não se encaixam nessa definição.

Como exemplo, ele citou "Sobre o Amor", de Tchekhov, "O arbusto de lilás", de Kúprin, e "Cáucaso", de Búnin, que, segundo o religioso, fazem ode ao amor livre. Em determinado caso, o marido enganado se mata, em outro, separa a família, e, no terceiro, o adultério não termina em nada, relembra Vladímirov.

"Esses exemplos artísticos gritantes são uma bomba-relógio para nossas crianças. Nossa comissão deve encaminhar uma proposta ao departamento de educação", disse o representante da Igreja, sem especificar o conteúdo de tal documento.

No início do mês, o patriarca Kirill sugeriu a criação de uma lista única de literatura para uso nas escolas. Apresentando-se na reunião do Conselho Patriarcal para Cultura, ele ressaltou que ausentar-se da formação dessa lista é "muito arriscado, já que formamos a extensão espiritual unificada do país".

"Há a concepção inglesa de 'guide lines', ou seja, diretivas. Por que não criarmos diretivas desse gênero em relação a essa lista? Qual nosso problema, a inteligência não basta, a competência não basta?", disse o patriarca.

Ele chamou a atenção também para a necessidade de limitar dar critérios claros para tal lista, não descrevendo tudo em detalhes.

Com material do jornal econômico RBC.

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