Quando jovem, zelador largou escola de arte para ajudar nas despesas de casa
Serguêi KuksinA jornada de trabalho de um zelador de escola começa às seis da manhã. Enquanto as crianças ainda dormem, Semion Bukhárin limpa a neve acumulada nos entornos. Mas, assim que as aulas começam, Bukhárin pega sua vassoura e inicia a primeira imagem do dia: um retrato do poeta Aleksandr Púchkin.
Ele então enfeita o pátio da escola por umas duas horas, até que o desenho desapareça em meio a pegadas.
“Há alguns anos, depois do trabalho, peguei a vassoura e comecei a desenhar sob as janelas da escola os primeiros animais na neve”, conta o zelador.
Bukhárin e sua inseparável ferramenta artística, a vassoura Foto: Serguiêi Kuksin
Quando os alunos viram os seus desenhos, eles mesmo decidiram abrir uma conta no Instagram para que Bukhárin pudesse compartilhar suas criações. O número de seguidores cresceu rapidamente e logo chamou a atenção da mídia regional.
Bukhárin geralmente retrata escritores, compositores e personagens de contos populares russos. “Procuro o melhor lugar para desenhar logo após a neve cair, quando ainda está macia e maleável”, diz.
Para observar as imagens, porém, o melhor momento é à noite, segundo o zelador.
“O tio Senia [apelido para Semion] pinta diversas coisas. No inverno, sobre a neve. Já no verão, na casa que fica em frente à escola”, conta um dos alunos de Ijevsk. “Ele também faz esculturas de gelo. No ano passado, foram três ovelhas.”
Escritores e personagens russos são principais fontes de inspiração Foto: Serguêi Kuksin
Talento desviado
Quando tinha 17 anos, Bukhárin entrou em uma escola de arte na cidade de Tchaikovsky, na região de Perm, mas teve que abandonar o curso para trabalhar e ajudar seus pais.
Anos mais tarde, mudou-se para o Extremo Oriente russo, onde primeiro trabalhou como pescador em Kamchatka e depois no Ministério para Situações de Emergência.
Na sequência, partiu para outras regiões até que, cinco anos atrás, arranjou o trabalho de zelador na escola de Ijevsk, cidade natal do rifle Kalashnikov.
Hoje, além do serviço na própria instituição e das investidas artísticas, Bukhárin se tornou uma espécie de faz-tudo na região e conserta todo tipo de móveis.
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