Necessidade de voar a trabalho faz russos enfrentarem medo
Getty ImagesA jornalista Anna, de 34 anos, está se preparando para viajar de férias ao Egito menos de uma semana depois do desastre aéreo sobre a Península do Sinai. Mesmo não tendo medo de avião, ela assume estar um pouco nervosa para o voo. “Minha única preocupação é tranquilizar minha mãe. Vou tomar um calmante ao me sentar no avião”, adianta.
Embora poucos russos tenham desistido das passagens já compradas para o Egito, o volume de vendas de novos bilhetes e pacotes para qualquer destino caiu desde o incidente, de acordo com dados das companhias aéreas e agências russas.
Não há dados preciso sobre o volume de perda das companhias aéreas russas, mas a desaceleração do mercado deve prolongar ao longo das próximas duas semanas.
“As pessoas quase não desistem de viajar, pois as condições de reembolso não são vantajosas, mas analistas apontam para a queda de novas reservas”, diz a diretora-executiva da Associação Russa de Operadores de Turismo (ATOR), Maia Lomidze.
A expectativa é que a venda de passagens para qualquer destino, e não somente ao Egito, se mantenha em baixa na próxima semana. “Em seguida, o mercado irá se recuperar”, acrescenta a diretora da ATOR.
“O prazo de recuperação de duas semanas é bastante típico para a Rússia. Felizmente, aviões não caem com frequência, mas é preciso salientar que a sociedade russa se recupera muito rapidamente dos choques.”
Necessidade de voar
A aerofobia, ou medo de voar a avião, é bastante comum entre os russos, segundo o psiquiatra e especialista em casos de catástrofes naturais e de massa, Mikhail Vinográdov. “Mas as pessoas são obrigadas a viajar a trabalho tomando calmantes. Às vezes, tais passageiros são literalmente levados pela mão até o avião”, conta.
Produtora de eventos, Maria, de 30 anos, é obrigada a voar regularmente por causa do trabalho, mesmo já tendo sido diagnosticada com aerofobia. “Durante o ano, faço, em média, 30 voos, tanto para o exterior como pela Rússia, todos essencialmente a negócios.”
“Cada acidente aéreo novo me deixa em estado de choque, mas é impossível deixar de voar e, por isso, me apoio em estatísticas. O avião é o meio de transporte mais seguro, mas infelizmente desgraças acontecem”, diz.
Para Vinogradov, grandes acidentes são seguidos por uma espécie de “eco da tragédia”. “A primeira reação é medo, seguido por esperança de que não acontecerá novamente. Por isso, as viagens não são canceladas”, explica o psiquiatra.
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: