O número de russos com poder aquisitivo relativamente alto diminuiu 5% desde 2013, de acordo com um estudo publicado em agosto pelo departamento de sociologia da Universidade Financeira Internacional sob o Governo da Federação Russa (FU, na sigla em inglês).
A pesquisa, realizada entre janeiro e julho deste ano, mostra que, em comparação aos 18% que podiam comprar um carro, ter um plano de saúde privado, pagar por educação e passar férias no exterior em 2013, apenas 13% se dizem capazes de arcar com esses custos atualmente.
Os resultados revelam, segundo o autor do estudo e chefe do departamento de sociologia da FU, Aleksêi Zubets, um encolhimento da classe média no país.
“O fenômeno se refere a sobretudo a pessoas que pertencem à classe média e que agora enfrentam acesso restrito a um grupo específico de produtos e serviços, como carros, eletrodomésticos, escolas particulares e férias no exterior”, explicou Zubets à Gazeta Russa.
Tendência semelhante foi também observada pelo instituto de pesquisa Centro Levada. “O número de pessoas com rendas mais elevadas vêm caindo sistematicamente”, aponta a analista Marina Krasilnikova.
De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Centro Levada em 2013, 33% da população russa se identificava como pertencente às classes altas. “Hoje esse número caiu até 26%”, diz Krasilnikova.
A analista afirma, entretanto, que é incorreto usar o termo classe média quando se trata de russos com rendimento elevado.
“Nas sociedades ocidentais, as pessoas da classe média não apenas têm dinheiro suficiente, mas também boa educação e qualificação profissional. Na Rússia, o nível de renda, frequentemente, não é relacionado com o nível de educação”, explica.
Para o diretor do departamento de sociologia da Escola Superior de Economia, Aleksandr Tchepurenko, os dados da FU e do Centro Levada são “ligeiramente diferentes” pois na sociologia russa não há uma definição estabelecida de classe média.
“Alguns especialistas usam uma abordagem puramente econômica, que considera apenas os rendimentos, enquanto outros avaliam o nível de renda, educação e qualificação profissional.”
Crise e (sem) perspetivas
Apesar das diferentes terminologias, os especialistas são unânimes em afirmar que a principal razão da queda de renda é a situação atual da economia russa.
“A crise financeira levou à queda do poder aquisitivo da população e à redução dos empréstimos. Assim, o número de pessoas que podem, por exemplo, comprar um carro ou pagar pelos bens e serviços caros está caindo”, disse Zubets à Gazeta Russa.
No entanto, enquanto o especialista acredita que a deterioração da situação seja “pouco provável”, Krasilnikova tem dúvidas quanto à recuperação do poder aquisitivo da população.
“Não estou vendo nenhuma razão para acreditar em uma melhoria da situação”, diz a analista.
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