Órgão regulador já chegou a sugerir proibição do Twitter na Rússia
Eugene Kurskov/TASSDe acordo com o estudo “O que quer a sociedade: o desejo dos russos de controlar a internet”, elaborado em parceria pela Universidade da Pensilvânia (EUA) e VTsIOM (Centro Nacional de Pesquisa da Opinião Pública da Rússia), 49% dos russos acredita que a informação na internet deva ser censurada.
“Do ponto de vista da aspiração social a uma rede livre, o resultado é bem decepcionante”, diz Monroe Price, diretor do Centro para o Estudo das Comunicações Globais da Universidade da Pensilvânia. Quase 60% dos russos apoiariam o desligamento total da internet no país em caso de ameaça nacional.
O “conteúdo mais perigoso” a ser proibido é, segundo os russos, pornografia gay (59%), grupos em redes sociais ligados à organização de protestos antigovernamentais (46%) e vídeos da banda Pussy Riot (46%).
Embora publicada em fevereiro deste ano, foi recentemente que a pesquisa conjunta atraiu a atenção da imprensa russa. Os dados porém, coincidem com os indicadores apresentados pelos instituto de pesquisa russa Centro Levada.
Em outubro de 2014, o Levada divulgou que 54% dos russos aprovavam a introdução da censura na internet. “Mas eles são a favor da censura quando se trata, por exemplo, de coisas como a pornografia infantil”, explica Denis Volkov, analista do centro.
“Existe uma diferença substancial entre as opiniões de usuários da internet e daqueles que não a usam. Para os últimos, a internet é fonte de uma estranha ameaça com a qual eles não sabem lidar e que, por isso, acham que é melhor proibir”.
Proibição velada
A prontidão para uma proibição total da internet é apenas hipotética, já que a censura é proibida pela Constituição do país. O presidente Vladímir Pútin garantiu repetidas vezes que “a Rússia não pretende restringir o acesso à rede nem colocá-la sob controle total”.
“Porém, desde 2012 que o número de iniciativas para bloquear recursos na internet não para de aumentar”, disse à Gazeta Russa a analista principal da Associação Russa Para as Comunicações Eletrônicas, Karen Kazarian.
Há exatos três anos surgiu no país um mecanismo extrajudicial para bloqueio de sites e uma lista de recursos e endereços proibidos na internet.
Em 2014, as agências do governo ganharam autonomia para bloquear extrajudicialmente páginas que fazem apelos a protestos em massa e ações de extremismo.
Dever do Estado?
Para a diretora de projetos estratégicos do Instituto de Pesquisas da Internet, Irina Levova, as tentativas de controle são naturais em um ambiente onde o Estado tenta desenvolver seu segmento de internet, já que existem ameaças cibernéticas relacionadas.
“Essa é uma obrigação de qualquer Estado – garantir a segurança da infraestrutura básica e dos cidadãos”, afirma Levova.
Ela acredita, porém, que a maioria da população prefere ignorar as iniciativas restritivas quando elas não lhes dizem respeito diretamente.
“Muitas pessoas só se deram conta da proposta da União Russa de Detentores de Direitos Autorais sobre a cobrança de 300 rublos anuais de cada internauta por conta do caráter financeiro da questão e de ser do interesse de todos”, diz Levova.
“A maioria das pessoas simplesmente não relaciona essas medidas com tentativas de limitar o seu direito de acesso à informação”, concorda o sociólogo Denis Volkov.
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: