Foto: divulgação
Eu e Denis nos encontramos no edifício da Sandunovskie Bani, no centro de Moscou. Fundada em 1808, a Sanduni, como é conhecida, é a mais antiga e uma das mais populares bânias de Moscou. Já há 11 anos que o Denis trabalha como atendente da bânia Sanduni, ou seja, ele é um especialista em sauna tradicional russa. Quando alguém entra na sala do vapor para relaxar por completo, é precisamente Denis e seus colegas que monitoraram o processo: controlam a limpeza da bânia, mantêm a sala do vapor à temperatura necessária, batem com os ramos na pele dos visitantes, ou seja, fazem tudo o que deve ser feito numa verdadeira bânia russa.
O longo caminho até à bânia
Na Sandunovskie Bani trabalham atendentes polivalentes: para além da sua principal especialidade, eles são também massagistas qualificados. Mas, segundo Denis, é mais fácil aprender a arte da massagem do que a arte de preparar corretamente a bânia: "Só a experiência é que ensina de verdade a manusear o venik (os ramos) e a dosear o vapor". Os atendentes mais jovens aprendem com o exemplo dos mais velhos, diz Denis: "Se tiver algum profissional na bânia, você observa como ele manuseia os ramos e regula o vapor e aí aprende a técnica. Depois, aos poucos, você vai começando a criar o seu próprio estilo pessoal".
Não é qualquer pessoa que pode se tornar atendente aqui, mesmo que goste muito de bânia. Denis conta que para ser aceite naquele emprego ele teve que passar por uma seleção rigorosa "Você mostra as suas habilidades em uma pessoa de verdade, um atendente já experiente, em quem você vai batendo com o ramo enquanto ele avalia o que você sabe fazer".
Um dia de trabalho na bânia
O dia de trabalho de Denis e seus colegas começa cedo. A primeira coisa a fazer é a limpeza do local. Em seguida, as portas se abrem ao público. Os atendentes recebem as pessoas na sala de vapor, sem nunca se esquecerem de perguntar sobre o estado de saúde do visitante, para poderem escolher o ramo de folhas do tipo de árvore mais adequada.
Foto: Mikhail Fomitchev/RIA Nóvosti
"Durante um dia massageio várias pessoas e efetuo banhos – conta Denis – mas as pessoas vêm à bânia principalmente para ficarem no vapor com os ramos". Em média, segundo o atendente, um dia de trabalho comum ele efetua aproximadamente 10 procedimentos de bânia, mas é claro que tem dias de fazer mais.
Trabalho nocivo
A vida dos atendentes da bânia não é fácil: eles trabalham em um local com altas temperaturas e umidade elevada. Para os clientes que frequentam a bânia uma ou duas vezes por semana, ela só faz bem: junto com o suor, ela ajuda a eliminar todas as sujeiras e toxinas acumuladas no corpo. Mas, no caso dos atendentes de bânia, que passam longas horas na sala do vapor, o corpo começa a eliminar também minerais indispensáveis à saúde, como é o caso do cálcio.
O atendente de bânia tem que ser uma pessoa muito saudável, tanto física como psicologicamente. As pessoas vêm para a bânia para relaxar e muitas vezes sentem vontade de conversar e abrir o coração. É necessário encontrar uma linguagem comum com todo mundo. Ao que tudo indica, Denis é geralmente bem-sucedido nisso, embora, por vezes, ocorram mal-entendidos. "Certa vez vieram dois estrangeiros à bânia – conta ele. – Eles se sentaram na sala do vapor, começaram a suar, mas não tocaram nos ramos. Em seguida saltaram para a piscina, ficaram de pé e começaram a se ‘açoitar’ com os ramos ali mesmo! Eu tive que lhes explicar que estavam fazendo aquilo errado, que os ramos eram para o vapor e não para a piscina.
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