Oposição sai às ruas para exigir medidas contra crise

Marcha é idealizada pelo liberal Aleksêi Naválni e terá demandas incomuns para a doutrina voltadas ao setor econômico Foto: TASS

Marcha é idealizada pelo liberal Aleksêi Naválni e terá demandas incomuns para a doutrina voltadas ao setor econômico Foto: TASS

Intitulada "Vesná", marcha é idealizada pelo liberal Aleksêi Naválni e terá demandas incomuns para a doutrina voltadas ao setor econômico. Mesmo assim, especialistas não acreditam em um aumento considerável no número de manifestantes.

O presidente do "Partido do Progresso", Aleksêi Naválni, anunciou estar preparando uma "marcha anticrise" intitulada "Vesná" (do russo, "Primavera"), programada para acontecer no próximo 1° de março em Moscou.

"A ideia da marcha é simples: aqueles que estão no Kremlin não têm conserto. Eles tiveram 15 anos e 3 trilhões de dólares recebidos com a venda de recursos naturais", escreveu Naválni em seu site.

Para o presidente da associação "Política de Petersburgo", Mikhail Vinogradov, a crescente inflação e o futuro incerto tiram a atenção da opinião pública das disputas internas, e por isso a oposição tenta improvisar.

"O sucesso permite unir política e socialmente cidadãos insatisfeitos", diz.  Segundo ele, a imagem de Naválni não incita divisões na população, como mostraram as últimas eleições para prefeito de Moscou, em que o candidato ficou em segundo lugar, com 27% dos votos. Contudo, o blogueiro teria que provar ser capaz de elevar o entusiasmo dos cidadãos, diz Vinogradov.

Diferentes, mas unidos

A oposição busca também criar uma ampla coalizão em torno da ação, começando pelos organizadores de diferentes ideologias. Em seu site, Naválvi chama às ruas todos os que partilharem das demandas da marcha anticrise.

Mas Olga Krichtanóvskaia, pesquisadora-chefe do Instituto de Sociologia da Academia de Ciências da Rússia, acredita que o desconforto causado pelas turbulências econômicas ainda não é alto o suficiente para que o cidadão comum saia às ruas.

"Há fatores econômicos para protestar, mas as pessoas não questionam, elas pensam: 'Apoiamos a política da Rússia e vamos ter paciência'. O desespero poderá vir mais tarde, quando, talvez, alguma companhia estatal for à falência ou aumentar o desemprego", diz.

Além disso, a reputação de Naválni teria sido minada por sua recente condenação por desvio de verbas. "Para ampliar uma base de partidários, é preciso ter confiança no líder. Mas que confiança se pode ter nele, se ele foi investigado e julgado culpado?!", completa Krichtanóvskaia.

Crise como pretexto

Entre as demandas sócio-econômicas dos manifestantes estão o cancelamento das contrassanções, ou seja, os embargos a produtos alimentícios de países que colocaram sanções contra Moscou; a redução de "gastos militar-policiais desmedidos"; a  anulação da "resolução de confiscar economias de aposentadorias dos cidadãos".

"Mas o tema mais sensível no momento é totalmente diferente. É o problema da engenharia urbana, da assistência social de que os cidadãos necessitam, das hipotecas - inclusive do câmbio -, e do transporte regional", afirma Aleksandr Pojalov, diretor do Instituto de Pesquisas Sócio-Econômicas e Políticas.

Para ele, a alta dos preços inquieta muita gente, "mas a anulação das contrassanções não muda a situação: mesmo que a importação de produtos alimentícios seja restabelecida, os preços, de qualquer maneira, não serão os mesmos de antes".

 

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