Atualmente, a cidade de Moscou possui apenas um monumento dedicado às vítimas das perseguições políticas Foto: Vitáli Beloussov/RIA Nóvosti
Batizada em homenagem a um dos principais defensores dos direitos humanos do país, a avenida Andrêi Sákharov ganhará em breve um memorial dedicado às vítimas da perseguição política na Rússia.
A decisão de instalar o monumento ali não é coincidência: a avenida Sákharov tem sido o ponto predileto de multidões em passeatas e protestos nos últimos anos.
"Após analisar uma série de opções, escolhemos uma que foi aprovada pelo presidente russo. Portanto, a decisão política já foi tomada", explicou a procuradora dos direitos humanos na Rússia, Ella Pamfílova.
Segundo Pamfílova, já está em andamento a seleção do melhor projeto, que deverá ser instalado no local até o final de 2015.
Contra as repressões, a favor de Stálin
Especialistas acreditam que a instalação do monumento não mudará a imagem de Iosif Stálin, sobretudo positiva entre a população russa. Para essa, Stálin é visto como o responsável pela vitória na Segunda Guerra Mundial e pela industrialização do país.
"Ao contrário de se opor ao regime político adotado por Stálin, o monumento tem por objetivo trazer à tona as lembranças das vítimas da perseguição política. Acredito que qualquer referência ao líder soviético será excluída do processo de realização do projeto", explica à Gazeta Russa o diretor do Centro de Pesquisas de Ciências Políticas da Universidade de Finanças, Pável Sálin.
"A inauguração do monumento não é a primeira iniciativa do gênero pelo presidente Vladímir Pútin, que já visitou o polígono de Bútovo, local de aplicação da pena de morte na época das perseguições políticas", acrescenta.
Sálin acredita que o empreendimento ajudará o atual líder russo a ganhar a confiança dos liberais do país e poderá melhorar a imagem da Rússia mundo afora.
Já o historiador e apresentador Nikolai Svanidze, prevê que a iniciativa ajude a diminuir as acusações de que o governo russo faz uso de métodos arcaicos e conservadores em suas políticas.
"As autoridades do país acabam cercadas de pessoas cujas crenças não levam em conta os direitos humanos. Exemplo disso são os adeptos da ideologia de Stálin que se consideram patriotas. Assim, a instalação do monumento mostra a intenção do governo de não se associar a esses e tratar os valores de todos os grupos sociais de maneira igual", diz.
Nada será esquecido
"A ideia de criar um memorial dedicado às vítimas das perseguições políticas nasceu ainda durante o governo do líder soviético Nikita Khruschov, sucessor de Iosif Stálin", explica Arsêni Roguínski, diretor da organização de defesa dos direitos humanos "Memorial".
"Sem relembrar a privação dos direitos humanos sofrida pela população soviética, será impossível construir um verdadeiro estado jurídico", diz ele.
Atualmente, a cidade de Moscou possui apenas um monumento dedicado às vítimas das perseguições políticas. Conhecido como "Pedra de Solovets", ele foi inaugurado em 1990.
Durante a era soviética, as perseguições políticas afetaram de 11 a 39 milhões de pessoas, segundo dados do "Memorial". Os números incluem presos políticos e fuzilados por convicções políticas, assim como deportados e mortos de inanição no período entre 1932 e 1933.
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