Facebook e Twitter se preparam para bloqueio total na Rússia

Envolvido em suposto caso de fraude, líder da oposição Aleksêi Naválni pode pegar até 10 anos de prisão Foto: AP

Envolvido em suposto caso de fraude, líder da oposição Aleksêi Naválni pode pegar até 10 anos de prisão Foto: AP

Fontes anônimas ligadas às redes sociais afirmaram estar cientes da ameaça de bloqueio total dos seus serviços na Rússia, caso se recusem a censurar novas páginas em apoio a líder da oposição Aleksêi Naválni.

O Facebook e o Twitter estão se recusando a bloquear as novas páginas de seguidores do líder da oposição Aleksêi Naválni, informou o canal de TV russo Dojd citando fontes anônimas do Facebook e Twitter. De acordo com o veículo, ambas as redes sociais estão preparadas para serem totalmente bloqueadas no país.

Tudo começou na sexta-feira passada (19), quando uma página foi aberta no Facebook para convocar pessoas a participarem de protestos de rua em apoio a Naválni. A iniciativa foi consequência da decisão do Ministério Público, que propôs uma pena de 10 anos de prisão para Aleksêi Naválni (contando com a atual liberdade condicional de 1 ano), e 8 anos para o seu irmão, Oleg. Os dois são réus no chamado ‘caso Yves Rocher’.

Horas depois de criada, a página em apoio a Naválni rapidamente registrou 12 mil assinaturas. No entanto, a pedido do gabinete do procurador-geral da Rússia, a comunidade foi bloqueada no dia seguinte. “O pedido foi feito com base na lei que permite o bloqueio provisório de sites, antes de ordem judicial”, disse ao canal Dojd o porta-voz da Roskomnadzor (agência estatal que monitora e supervisiona a comunicação social), Vadim Ampelonski.

VKontakte na malha fina

No sábado passado (20), também foi bloqueada a comunidade ‘Juntos por Naválni’, na rede social russa VKontakte. “A Roskomnadzor continua bloqueando páginas de apoio a Naválni nesta rede social”, diz Nikolai Durov, ex-diretor técnico e irmão do fundador do VKontakte, Pável Durov. Segundo ele, a Roskomnadzor já solicitou o bloqueio de mais de 50 comunidades com o mesmo teor, ainda que não existam quaisquer referências a tais publicações no registro de conteúdos proibidos no site do Serviço Federal.

Um dos criadores da primeira página bloqueada e chefe da sede eleitoral de Naválni nas eleições para prefeito de Moscou realizadas em 2013, Leonid Vólkov, adiantou, entretanto, que as páginas posteriores dos seguidores de Naválni não serão mais bloqueadas.

Outra fonte do Dojd, que preferiu não ser identificada, informou também que o Twitter se recusará a bloquear contas que publiquem informações sobre atos de apoio a Naválni. Pela política da empresa, as cartas da Roskomnadzor para exclusão de informações serão reencaminhadas para os respectivos usuários, mas o microblog não se comprometerá a excluir qualquer material por iniciativa própria.

Uma dessas cartas já foi recebida por Gueórgui Alburi, também partidário de Naválni. “Por causa da recusa, o Twitter, assim como o Facebook, está preparado para ser completamente bloqueado na Rússia”, disse a fonte ao Dojd.

O bloqueio das páginas no Facebook foi condenado pelo ex-embaixador dos EUA na Rússia, Michael McFaul, em sua conta no Twitter. “Essa é a política do FB [Facebook]? Então o Facebook e outras redes sociais não vão bloquear imundície do EI (Estado Islâmico), mas vão censurar um adversário de Pútin”, lê-se no post publicado por McFaul no sábado. Algumas publicações norte-americanas influentes, como o Washington Post, criticaram a medida.

O Facebook e o Twitter não emitiram declarações oficiais sobre o assunto até o fechamento desta reportagem.

O que é o ‘Caso Yves Rocher’?

De acordo com o inquérito, os irmãos Naválni teriam desviado, entre 2008 e 2013, mais de 26,7 milhões de rublos (US$ 470.000, conforme câmbio atual) da empresa Yves Rocher Vostok, além de 4,4 milhões de rublos (US$ 77.500) de uma empresa de processamento de cartões bancários. O Ministério Público pede nove anos de prisão para Aleksêi Naválni, e oito para Oleg Naválni. No dia 15 de janeiro, o tribunal de Zamoskvoretski dará o veredicto aos irmãos Naválni sobre o caso Yves Rocher.

 

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