Cresce número de adeptos à medicina alternativa na Rússia

Na Rússia, os tratamentos alternativos não são cobertos pelos planos de saúde Foto: PhotoXPress

Na Rússia, os tratamentos alternativos não são cobertos pelos planos de saúde Foto: PhotoXPress

Uma pesquisa recente da Universidade Nacional de Pesquisa Escola Superior de Economia (NIU VChE, na sigla em russo) demonstrou que a popularidade da medicina alternativa na Rússia vem crescendo continuamente. Entre as causas para tal, especialista sugere instabilidade social, falta de instrução e medo.

De acordo com um relatório da Universidade Nacional de Pesquisa Escola Superior de Economia (NIU VChE, na sigla em russo), os russos gastam até 30 bilhões de dólares por ano com tratamentos não convencionais. Entre esses usuários ativos de serviços de medicina alternativa estão pessoas que se desiludiram com o tratamento convencional.

“Quanto mais instável é a situação da sociedade, mais charlatães afloram”, sugere Lev Perejóguin, psicoterapeuta e doutor em Ciências Médicas. “Na época da Revolução Francesa e da Revolução de 1917 na Rússia, ocorreram surtos de feitiçaria e procura por médiuns. Tudo isso floresce onde há um solo neurótico e na Rússia, assim como em todo o mundo, é precisamente essa a situação no momento atual.”

Uma pesquisa da Fundação de Opinião Pública (FOM, na sigla em russo), realizada em meados do ano, revelou que, para 53% da população, o nível de desenvolvimento da medicina russa é menos elevado do que em outros países avançados. Ainda segunda o estudo da FOM, apenas 32% dos russos procuram um médico em caso de doença, enquanto o restante opta pela automedicação.

Na Rússia, os tratamentos alternativos não são cobertos pelos planos de saúde, mas nem isso desestimula a procura cada vez maior. “A falta de instrução, o medo e a crença em milagres fazem com que as pessoas recorram a métodos alternativos”, diz Perejóguin. Foi justamente pensando em um “milagre” que Dária Léssina, 32 anos, resolveu recorrer à acupuntura.

“Os médicos disseram que eu não posso ter filhos e já me aconselharam a pensar sobre adoção. O especialista em acupuntura está longe de ser a única pessoa a quem recorri. Depois de ter feito 10 sessões e gastado US$ 1.000, o resultado não veio, mas vou continuar recorrendo a qualquer um que me dê esperança”, conta Léssina.

Última esperança

A disseminação dos tratamentos alternativos e a gama de produtos, aponta o relatório da NIU VChE. “Não é difícil encontrar um especialista em medicina alternativa, a internet está repleta de sites de curandeiros e feiticeiros que na maioria das vezes, exercem a atividade sem possuir licenças”, critica Perejóguin.

Teoricamente, os profissionais que não possuem licença para atuar na área são enquadrados no artigo “Exercício ilegal da atividade médica” do Código Penal, mas eles só podem ser punidos se as suas ações tiverem causado danos à saúde.

O curandeiro Oleg K, por exemplo, se anuncia como um “faz-tudo”, desde quebra de feitiços, tratamento de doenças bronco-pulmonares, produção de talismãs e amuletos até consultas à distância. Mas não possui formação médica nem garante o resultado. Todos os preços estão no site: o valor da primeira consulta é de 2.000 rublos (US$ 450), por meia hora.

Depois de lutar contra o alcoolismo do marido há 17 anos, a aposentada Ekaterina Drónova resolveu apelar para um médium. “O paranormal cobrou US$ 500 pela consulta, trabalhou um pouco em cima da fotografia e me aconselhou a benzer a água, rezar em voz alta e, depois disso, despejar meia xícara dessa água na sopa ou no chá do meu marido. Durante 2 semanas eu cumpri as instruções ao pé da letra e não houve resultado, mas eu me senti de alguma forma aliviada depois de ter falado com o paranormal”, diz Drónova.

 

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