Foto: Reuters
1. Segregação
Na semana passada, sentado nu na beira do telhado do Centro “Serbski” de Psiquiatria Social e Forense de Moscou, Pavlénski cortou a própria orelha com uma faca.
“A faca separa o lóbulo da orelha do resto do corpo. O muro de concreto da psiquiatria separa a sociedade racional dos doentes loucos.” Assim começa o manifesto do artista, publicado no Facebook pela jornalista Oksana Chaliguina.
“Com o regresso do uso da psiquiatria para fins políticos, o aparelho policial retoma para si o poder de determinar o limiar entre a razão e a loucura”, lê-se na publicação. Após o socorro por policiais, o artista recebeu primeiros socorros.
2. Liberdade
Foto: PhotoXpress
Em fevereiro passado, Pavlénski construiu em São Petersburgo umas barricadas improvisadas com pneus, aos quais ateou fogo na sequência. Ali estavam também as bandeiras ucraniana e anarquista. De certo modo, essa performance se assemelhou aos eventos na Maidan e à resistência de rua em Kiev.
Sobre esse manifesto, Pavlénski declarou: “Pneus quentes, bandeiras da Ucrânia, bandeiras negras e o estrondo das batidas no ferro – é a canção da libertação e revolução. Maidan vai se espalhar irreversivelmente e penetrar no coração do Império”.
Os bombeiros prontamente apagaram o fogo, o artista foi detido. Graças à intercessão do seu advogado, em pouco tempo foi posto em liberdade. Mais tarde, foi instaurada uma ação criminal de vandalismo. Em uma busca efetuada na casa do artista e de seus companheiros, alguns pertences pessoais foram apreendidos.
3. Fixação
Em novembro do ano passado, Pavlénski, completamente nu, pregou os seus testículos ao chão de paralelepípedos que cobre toda a Praça Vermelha. O vídeo com essa cena acabou rodando pela internet.
Foto: Reuters
Os policiais cobriram o corpo do artista enquanto tentavam tirar o prego e levar Pavlénski para fora da Praça Vermelha. A performance ocorreu no Dia da Polícia. “Foi uma metáfora da apatia, da indiferença política e do fatalismo da moderna sociedade russa”, descreveu Pavlénski.
4. Carcaça
Foto: PhotoXpress
Seis meses antes, Pavlénski se enfiou dentro de uma espécie de casulo de arame farpado. Esse foi o seu protesto contra a proibição da chamada propaganda gay, da lei da ofensa aos sentimentos religiosos e de outras normas que tiveram ressonância pública. O artista chamou as leis de repressivas.
“O corpo humano é nu, como a carcaça de um animal. Não há nada nele, em volta dele tem um arame que foi inventado para a proteção dos animais domésticos. Essas leis, tal como arame, mantêm as pessoas em currais individuais”, definiu o artista. Os policiais libertaram Pavlénski com a ajuda de tesouras de jardineiro. Nenhum processo foi instaurado.
5. Costura
A primeira aparição polêmica de Pavlénski aconteceu em São Petersburgo, em julho de 2012. O artista costurou a sua própria boca como sinal de apoio às integrantes do grupo Pussy Riot, condenadas pela oração punk anti-Pútin entoada na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou.
Foto: Reuters
“Ao costurar a boca com a Catedral de Nossa Senhora de Kazan em segundo plano, eu pretendi mostrar a posição do artista contemporâneo na Rússia: interdição à liberdade de expressão. Enoja-me a intimidação da sociedade, a paranoia coletiva, cujas manifestações eu vejo por todo o lado”, explicou o artista.
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: