Cai otimismo quanto a rumo do país

O número de russos que acreditam que as coisas no país estejam indo na direção correta caiu para 64%, contra os 66% do início de agosto Foto: ITAR-TASS

O número de russos que acreditam que as coisas no país estejam indo na direção correta caiu para 64%, contra os 66% do início de agosto Foto: ITAR-TASS

Indicadores têm queda tímida, mas reveladora. Taxa de aprovação do presidente russo e de anexação da Crimeia também caíram.

O índice de aprovação do presidente russo Vladímir Pútin caiu pela primeira vez neste ano desde a anexação da Crimeia, em março passado. O indicador, porém, continua alto: 84%. A queda de três pontos percentuais em relação ao mês de agosto é atribuída tanto ao enfraquecimento do patriotismo exacerbado pela anexação da península ucraniana, como ao embargo russo sobre produtos alimentícios provenientes da União Europeia e dos Estados Unidos, e o consequente aumento dos preços ao consumidor final. 

Além disso, o número de russos que acreditam que as coisas no país estejam indo na direção correta caiu para 64%, contra os 66% do início de agosto. Já o número de pessimistas quanto ao rumo do país subiu de 19%, em agosto, para 22%, em setembro.

Para o diretor do Centro Levada, Lev Gudkov, ainda é cedo para dizer se os níveis de aprovação de Pútin realmente entraram em declínio, já que a queda registrada está dentro da margem de erro estatística.

“O primeiro pico de popularidade do presidente ocorreu em janeiro do ano 2000. Então, o aumento do índice para 84% provocou atentados terroristas pela Rússia e deu início à segunda guerra na Tchetchênia. Seis meses depois, a taxa de aprovação do presidente caiu abruptamente para 61%”, relembra.

Povo bélico?

O segundo pico de popularidade de Pútin ocorreu em agosto de 2008, durante a guerra contra a Geórgia, quando o índice atingiu o valor recorde de 88%. Mais tarde naquele ano, a Rússia foi afetada pela crise econômica mundial. O desemprego e a alta dos preços de bens e serviços provocaram uma queda na taxa de aprovação do presidente e do governo.

“Depois disso, a aprovação de Pútin foi caindo gradualmente até atingir os 42%, em agosto de 2013. Mas a bem-sucedida organização dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sôtchi, em fevereiro passado, interrompeu a tendência de queda no índice.”

Segundo sociólogos, o último crescimento registrado na taxa de aprovação de Pútin estaria relacionado com sua política externa e a reintegração da Crimeia. Mas, se por um lado aumentou o número de russos que acham que a Crimeia deve ser parte da Rússia (de 64% para 73%, em relação a março), por outro, caiu de 23% para 16% o número dos que se dizem “felizes e orgulhosos” com a anexação.

Além disso, 45% dos entrevistados dizem não entender de política e ter uma ideia muito vaga do que está acontecendo na Ucrânia.

“Cresce um sentimento de preocupação, indecisão e ansiedade na sociedade russa devido ao aumento dos preços de bens de primeira necessidade. Isso é resultado das sanções econômicas acionadas contra a Rússia pelos países da UE e pelos EUA, assim como das medidas de resposta da Rússia, que impôs um embargo à importação de vegetais, frutas, carnes, peixes e produtos lácteos de países que apoiam as sanções”, diz Gudkov. 

“Mais de 60% dos russos passaram por dificuldades econômicas, e isso não deixa as pessoas nada felizes. A maioria esmagadora da população não está disposta a pagar para ver no caso da Crimeia, com o congelamento de salários, cortes de benefícios sociais e aumento de impostos.” 

Além disso, o sociólogo diz que as pessoas temem o agravamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que poderia dar início a uma guerra de verdade. “Isso é uma coisa que os russos categoricamente não desejam. Em março, de 74% a 75% das pessoas aprovavam a entrada de tropas russas na Crimeia. Hoje, essa aprovação caiu para 41%.”

Derrota vitoriosa

Segundo o diretor-executivo do Centro de Análises Políticas, Viatcheslav Danilov, há nuances que viram o jogo das pesquisas de opinião pública sobre o presidente. 

“A queda da taxa de aprovação de Pútin das alturas celestiais onde se encontrava já tinha sido prevista por dois grandes centro de pesquisa, o VTsIOM e o Levada, ainda em junho, e o fato de a aprovação ter se mantido tão alta até setembro é um recorde e sinal de sucesso das políticas do presidente.”

Imigrantes assustam mais que guerra

Pesquisa divulgada em 19 de agosto pelo VTsIOM (Centro Russo de Pesquisa de Opinião Pública) revelou que 27% dos russos acreditam que os imigrantes representam a maior das ameaças contra o país. Em segundo lugar, vêm os ataques terroristas, e apenas em seguida estão os conflitos com países vizinhos, que preocupam 23% dos entrevistados. 

Apesar da preocupação causada pelo caráter xenófobo dos resultados, o número dos que temem imigrantes caiu pela metade em comparação com o índice de 2005.

 

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies