"Quando a sirene soou pela primeira vez eu estava no shopping. As pessoas entraram em pânico, começaram a correm. A internet e os telefones deixaram de funcionar", conta Sofia Samoilova, que mora em Tel AvivFoto: Photoshot / Vostock Photo
No dia 10 de agosto, o grupo islâmico Hamas e o governo de Israel assinaram uma nova trégua de 72 horas para se sentarem à mesa de negociações em mais uma tentativa para acabar com o derramamento de sangue na faixa de Gaza, cujas vítimas já contabilizam ao menos 1.900 palestinos e 67 israelenses. O serviço de notícias RBTH entrevistou moradores de Israel e da faixa de Gaza para tentar descobrir como essa nova guerra mudou suas vidas e como é o cotidiano longe das câmeras das emissoras de notícias.
Solidariedade na guerra
“Aqui eu aprendi o significado da frase ‘ter orgulho do país em que se vive’ e nunca conseguirei dizer o contrário. Tem uma guerra acontecendo: uma guerra que mexe com a gente, que nos faz ficar preocupados, que por vezes nos obriga a nos encolher, em outras, nos dá uma força única, uma guerra que nos faz ficar zangados, nos faz chorar, aguentar”, descreveu Iúlia Bletchman, graduada pela Faculdade de Administração Pública da Universidade Estatal de Moscou, que se mudou para Israel depois de terminar os estudos na capital russa.
A garota contou como as pessoas de todo o país coletam comida e objetos de primeira necessidade para os soldados que estão em missão militar na fronteira com Gaza e como os habitantes locais vão aos hospitais visitar os feridos.
Ela narrou também como algumas semanas atrás foi morto em Gaza um soldado cuja família vive no exterior. Os amigos do falecido informaram pelo Facebook que os pais dele não conseguiriam chegar a tempo para o funeral e que havia o perigo de talvez ninguém aparecer no enterro de um soldado que sacrificou a vida pelo seu país. Como resultado, no dia seguinte 30 mil pessoas que nunca o conheceram em vida compareceram à sua última despedida.
A vida continua
“A sociedade se dividiu em duas: pessoas que antes já estavam insatisfeitas e queriam ir embora e que agora falam ainda mais em partir e aqueles que amam Israel e que até transferiram as férias para outra época para ficar no país neste momento difícil.”, disse a Gazeta Russa a diretora de marketing da empresa Modlin, Sofia Samoilova, que mora em Tel Aviv.
Segundo ela, os israelenses que vivem no sul do país vivem a guerra de um modo bastante diferente: famílias inteiras dormem nos abrigos, depois de terem conseguido se reunir 15 segundos antes de um projétil inimigo explodir por cima de suas cabeças.
"Sim, é claro que o conflito afetou as nossas vidas. Repito que em Tel Aviv isso é menos perceptível. Quando a sirene soou pela primeira vez eu estava no shopping. As pessoas entraram em pânico, começaram a correm. A internet e os telefones deixaram de funcionar. No entanto, agora todo mundo se habituou. Mas, nos finais de semana, quando a cidade costumava fervilhar de vida, agora fica vazia", contou Saimolova.
Pelos olhos dos palestinos
“Cerca de 60% da população de Gaza são crianças e adolescentes, por isso a guerra afeta principalmente a eles, não a nós. Há muitas crianças entre os feridos e os pais já não conseguem ficar descansados quando deixam os filhos sair, porque tem aviões de reconhecimento israelenses sobrevoando a região o tempo todo. É assustador...”, disse Ludmila Al-Farra, médica de um hospital na faixa de Gaza.
Segundo ela, cerca de 250 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas, já que estas foram destruídas, total ou parcialmente. Os povoados perto da fronteira com Israel foram quase totalmente destruídos, e as pessoas estão se deslocando para as regiões centrais do país para salvar a própria vida.
“Durante a primeira fase da operação militar israelense com ataques aéreos sobre alvos terrestres com F-16, dava para escutar o estrondo das explosões a quilômetros de distância: a sensação era a de um tremor de terra e parecia que a casa estava prestes a cair. Durante as operações terrestres, fragmentos de projéteis de artilharia atingiram a nossa casa. Fomos forçados a sair dela e a ficar fora durante três dias”, recorda Al-Farra.
De acordo com a médica, faltam casas, comida, água e roupa para a população palestina. “Vamos continuar trabalhando e vamos ficar aqui. Eu sou médica, não posso simplesmente deixar tudo e ir embora. Especialmente porque agora tudo está se encaminhando para a paz. Vamos ver como termina.”
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