Russos temem guerra nuclear, aponta pesquisa

De acordo com a FOP, 52% dos cidadãos acreditam que a "ameaça de uso de armas nucleares" é proveniente dos EUA Foto: Getty Images/Fotobank

De acordo com a FOP, 52% dos cidadãos acreditam que a "ameaça de uso de armas nucleares" é proveniente dos EUA Foto: Getty Images/Fotobank

A maioria dos cidadãos russos acredita ser possível acontecer agora uma guerra nuclear no mundo, indica pesquisa da fundação sociológica Opinião Pública. Segundo os especialistas, o tenso ambiente internacional e a situação na Ucrânia apenas atiçam mais o medo dos russos.

De acordo com a Fundação de Opinião Pública (FOP), 64% dos russos acreditam na hipótese de um "conflito militar com recorrência a armas nucleares" no planeta, 20% são os que não acreditam nessa ameaça e 16% são os indecisos.

Por outro lado, um número menor (53%) dos entrevistados acha que hoje o perigo de uma guerra nuclear é maior "do que 15 ou 20 anos atrás"; 26% acreditam que o grau de ameaça se mantém igual e apenas 7% consideram que ele diminuiu (com 14% de indecisos). O diretor do Instituto de Estudos Políticos, Gregori Dobromelov, explica o medo generalizado dos russos em relação a uma guerra nuclear como produto da interpretação que a mídia faz da situação política.

"As pessoas se sentem assustadas não só na Rússia, mas em todo o planeta”, diz o chefe do Comitê da Duma (câmara dos deputados da Rússia) para a Defesa, Vladímir Komoiedov. “Em todo o lugar se sente este nervosismo, esta incompreensão, ainda estamos muito longe da paz no planeta".

De acordo com a FOP, 52% dos cidadãos acreditam que a "ameaça de uso de armas nucleares" é proveniente dos EUA, 12% acham que é da Coreia do Norte e 9%, do Paquistão. "É daquele país que mais recorre à força que geralmente se espera uma guerra nuclear", disse o analista da FOP Gregori Kertman. A pesquisa também aponta que 77% dos entrevistados colocam os EUA no primeiro lugar entre os países com os quais a Rússia tem relações mais hostis.

Ucrânia

Dobromelov observou que "a histeria é atiçada" com a situação em torno da Ucrânia. Além disso, "15 ou 20 anos atrás, as relações da Rússia com os EUA e a Europa eram mais harmoniosas", acrescenta Kertman. O perito em questões da não-proliferação de armas nucleares do Centro Carnegie de Moscou Piôtr Topitchkanov considera que o medo das pessoas se rege por uma "lei natural": "As relações entre a Rússia e os EUA são conflituosas, as pessoas se dão conta de que o mundo que lhes foi desenhado no início dos anos noventa não se concretizou –as armas nucleares não se transformaram em algo que nunca será usado."

Os sociólogos colocaram perante os entrevistados o fato de o "clube nuclear" ter sido inicialmente formado apenas por URSS, EUA, França, Reino Unido e China e que mais tarde foi aumentado com Paquistão, Índia e a Coreia do Norte. A maioria das pessoas, ainda de acordo com a FOP, teme a expansão desse "clube nuclear". Dobromelov explica isso pelo fato de países que não estão totalmente sob controle do mundo global terem obtido armas nucleares e os cidadãos começarem a se sentir menos seguros.

Como revelou a FOP, 76% dos entrevistados acreditam ser necessário um esforço para o desarmamento nuclear universal e 14% são contra. Mas apenas 19% acha que é possível a eliminação total das armas nucleares na próxima década.

 

Publicado originalmente pelo Kommersant

 

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