A famosa fórmula da “Autocracia, Ortodoxia e Nacionalidade” expressa, de fato e na sua essência, a tradição russa Foto: Lori / Legion Media
A Rússia está se tornando o carro-chefe das forças conservadoras em todo o mundo. Enquanto isso, para Vladímir Pútin, que nos últimos tempos tem falado com maior insistência na tradição, o conservadorismo não é um instrumento para congelar o que quer que seja –pelo contrário, a revolução conservadora que vem de cima e que se apoia na demanda conservadora que chega de baixo, consegue produzir grandes mudanças na estrutura sócio-política da Rússia, eliminar aquilo que não está em conformidade com o seu código nacional e que atrapalha o desenvolvimento do país.
"A condição central que determina a demanda por ideias conservadoras é a busca de vias nacionais que desenvolvam a Rússia e que que consigam ser eficazes no mundo competitivo de hoje", lê-se no site de conferência sobre o tema realizada no país.
Para a ocasião, foram identificados os principais temas e questões para discussão: 1) análise do que constitui o moderno conservadorismo russo; 2) será qualquer versão do conservadorismo razão para adotar como doutrina política de desenvolvimento?; 3) como se correlaciona a visão conservadora com as outras formas e orientações político-ideológicas?; 4) será a Rússia como um todo portadora de ideias conservadoras?
Como disse o presidente do conselho de administração do Instituto de Estudos Socioeconômicos e Políticos, Dmítri Badovski, "se se mudar algo e seguir em frente, então há que fazer isso com cuidado, não se pode de modo algum tentar destruir tudo pelas bases, jogar fora alguma coisa da história. É exatamente a isso que se opõe o conservadorismo, como disse o presidente em sua mensagem à Assembleia Federal".
É impossível dar uma definição exata do moderno conservadorismo político russo, mas já se coloca a questão se o conservadorismo pode se tornar uma ideologia nacional.
Por enquanto, seu principal defensor é Vladímir Pútin, tanto internamente, como em nossas relações com os outros países.
"No mundo, há cada vez mais pessoas defendendo a nossa posição sobre a defesa dos valores tradicionais. Naturalmente que esta é uma posição conservadora. Mas, nas palavras do filósofo Berdiáiev, o sentido do conservadorismo não de impedir o movimento para a frente e para cima, mas de impedir o movimento para trás e para baixo, para a escuridão caótica, para o retorno ao estado primitivo."
Foi precisamente depois de Vladímir Pútin ter dito isso em sua mensagem de dezembro que surgiu a ideia das palestras de Berdiáiev.
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O futuro que morreu com StolypinNa Rússia, a ideia conservadora, que ainda nem sequer se formou de verdade, encontra cada vez mais adeptos. O diretor do Vtsiom (Centro Nacional de Pesquisa de Opinião Pública), Valeri Fiôdorov, disse que nos últimos tempos aumentou fortemente a avaliação positiva do conservadorismo e que a sua reabilitação está sendo rápida.
A famosa fórmula da “Autocracia, Ortodoxia e Nacionalidade” expressa, de fato e na sua essência, a tradição russa. E aqui a autocracia não é apenas o poder do monarca, mas também o governo independente, a independência do país e do seu governante. Quem disse na conferência que o conservadorismo, que pode se tornar a base da ideologia de Estado, deve ser ortodoxo, russo e estatal, foi o cientista político Vladímir Khomiak.
Serguêi Markov, cujo discurso teve como tema a maioria moral contra a minoria ativa, observou que "o conservadorismo russo difere do clássico britânico pelo fato de o britânico procurar o seu apoio na aristocracia, enquanto o russo o procura no povo". Ao falar sobre o conservadorismo como fator de "soft power” da Rússia, o analista político Mikhail Remizov disse que, embora a Rússia não seja o país mais conservador do mundo, tem todas as chances de fazer do conservadorismo a sua ideologia nacional.
"Agora, Berdiáiev é reconhecido como o líder espiritual da nova era Pútin”, disse o analista e pesquisador-chefe do Instituto de Estudos Econômicos e Políticos Internacionais da Academia de Ciências da Rússia, Aleksandr Tsipko. “Na minha intervenção, eu tentei mostrar que Pútin é o herdeiro do conservadorismo liberal russo ocidentalizado."
Publicado originalmente pelo Vzgliad
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