Nos últimos tempos, a ideia da criação de colônias de férias para crianças voltou a se impor na Rússia Foto: ITAR-TASS
As colônias de férias surgiram ainda no tempo da União Soviética para organizar as férias escolares das crianças. As primeiras abriram ainda na década de 1920, por iniciativa da Cruz Vermelha russa. Enquadrados nos programas que elas proporcionavam, os alunos das cidades russas viajavam para as colônias, organizadas para funcionar na temporada de verão. Os pioneiros ajudavam frequentemente os habitantes locais e faziam um trabalho de formação junto às crianças das áreas rurais.
A primeira e mais famosa colônia desse tipo foi inaugurada em 1925, na Crimeia – a colônia "Artek", que aceitava, inclusive, crianças vindas de outros países. Até o final da década de 1980, a URSS dispunha de cerca de 40 mil colônias de férias, onde todos os anos cerca de 10 milhões de crianças passavam as férias. Na base destas colônias estavam grandes fábricas e empresas. No entanto, na década de 1990, a maioria dessas empresas ficou à beira da falência e as colônias de férias foram fechadas.
Nos últimos tempos, a ideia da criação de colônias de férias para crianças voltou a se impor na Rússia, mas em um novo nível. Em julho, deverá ser inaugurada na aldeia de Borodino, perto de Moscou, a colônia de férias "Seló" (povoação): já foram recebidos 3.000 pedidos de inscrição para os primeiros dias do seu funcionamento.
A originalidade deste projeto está no fato de os seus criadores serem figuras públicas proeminentes, blogueiros e jornalistas, incluindo o antigo editor-chefe da edição russa da revista “Esquire”, Filipp Bakhtin. Cada dia é dedicado a um tipo de arte específico na colônia: cinema, música ou pintura, e o cozinheiro chef do projeto será Anatoli Komm –o único dono de restaurante russo que recebeu uma estrela Michelin. O custo da estadia de duas semanas é de 37 mil rublos (aproximadamente US$ 1.000).
O projeto se desenvolve segundo o modelo empresarial. O apoio financeiro é garantido por um grupo de investidores, que, até 2018, esperam abrir 25 colônias como esta por toda a Rússia. Eles planejam investir 3,7 bilhões de rublos (cerca de US$ 100 milhões) em cada projeto, a maior parte dos quais proveniente de empréstimos.
De acordo com a Finam, o número de colônias de férias está crescendo a um ritmo de 10% a 15% ao ano. Já foi lançado um motor de busca especializado em programas de lazer para crianças feito por analogia ao Booking.Com –o www.incamp.ru. O projeto reúne informações de 800 programas diferentes e ajuda a escolher um pacote de férias para a criança segundo preço, idade, classificação e temática.
As colônias temáticas são uma das tendências em moda no mercado do turismo infantil. Desde 1990, diferentes partes do território europeu da Rússia organizam a Escola Ecológica de Verão para estudantes dos 10 a 13 anos de idade; na Karélia, na costa do Mar Branco, abriu uma colônia de férias que se dedica ao estudo da natureza do Norte. O custo da inscrição para duas semanas é de US$ 1.200. No Lago Seliguer, na região de Tver (a cerca de 4 horas de carro de Moscou), fica uma colônia de dança.
Interesse geral
De acordo com o analista do Investkafe Roman Grintchenko, esta é uma fatia de mercado com elevado potencial de rentabilidade do capital investido para os investidores, uma vez que projetos como estes têm ainda pouca ou nenhuma concorrência. Eles têm potencial para receber futuramente também crianças de outros países.
"Levando em conta que agora o número de clientes estrangeiros é mínimo, no caso de um projeto bem pensado e realizado, será possível esperar o interesse de crianças de outros países", disse Grintchenko. Atualmente, os estrangeiros nessas colônias de férias são, principalmente, professores e educadores. Em especial, na colônia “In Orange”, localizada perto de São Petersburgo, que oferece emprego a professores de língua inglesa. Segundo os próprios criadores da colônia, o salário não é alto –apenas US$ 700 pelas duas semanas, mas esses colaboradores têm um pagamento adicional para hospedagem e alimentação.
Um obstáculo significativo ao desenvolvimento das colônias de férias na Rússia é a complexidade da regulamentação legislativa, diz a professora do Departamento de Gestão de Processos Empresariais na Esfera da Produção e Serviço da Faculdade de Economia da Propriedade Imobiliária RANKHiGS, Galina Dekhtiar. A lei regula, em particular, de quantos educadores a colônia deve dispor, onde pode funcionar e até mesmo o tipo de contrato de locação.
Apesar disso, de acordo com Maksim Kliaguin, analista do UK Finam Management, o interesse dos investidores por esse segmento tem aumentado significativamente nos últimos anos.
"Um novo fator de interesse para os investidores é, em particular, o surgimento de uma grande procura por parte dos consumidores. Um preço relativamente baixo para a qualidade oferecida e um serviço disponível adicional, orientado especificamente para as crianças, torna estes pacotes bastante atraentes", diz o analista. Ainda segundo Kliaguin, o mercado oferece projetos especificamente orientados para filhos de expatriados para a adaptação e estudo da língua e cultura russas.
O principal motor de crescimento deste mercado deve ser a disposição dos pais em gastar dinheiro com os seus filhos. Segundo a Associação de Indústrias de Produtos Infantis, o consumo de bens para crianças na Rússia é de US$ 1.000 por criança, enquanto nos EUA é de US$ 2.000, diferença que está diminuindo rapidamente.
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