Entre as alternativas para resolver o problema, o ex-ministro refuta a possibilidade de construção de um duto para desviar água de Kuban Foto: Mikhail Voskressénski / RIA Nóvosti
Em consequência da medida recém-aprovada pelo governo de Kiev, os dois milhões de moradores da Crimeia – ou duas vezes mais, considerando os turistas – deverão sofrer com a falta de água, inclusive potável, nos próximos meses. Em vez dos habituais 100 metros cúbicos de água por segundo, apenas seis passaram pelo canal desde o fim de semana passado.
“Isso significa que as autoridades ucranianas da região de Kherson bloquearam a válvula”, afirma o presidente do conselho da União dos Condutores e Benfeitores e ex-ministro dos Recursos Hídricos da URSS, Polad Poladzade.
Acredita-se que oito reservatórios da Crimeia podem estar sem fornecimento de água, e a situação é agravada pelo fato de as autoridades ucranianas não terem investido na reparação e reconstrução do canal, que agora está em pleno declínio. “No caminho para o usuário final, perde-se até 45% da água”, expõe Poladzade.
O Canal do Norte da Crimeia, construído na década de 1960, é praticamente a única fonte de água na península. Graças a essa estrutura e ao sistema de irrigação, essa área se transformou em um jardim florido, e os moradores das cidades costeiras do sul obtiveram acesso à água ao longo do ano todo.
Do mar ao povo
Entre as alternativas para resolver o problema, o ex-ministro refuta a possibilidade de construção de um duto para desviar água de Kuban, pois “custaria muito, além de que a região do Cáucaso do Norte já sofre com a escassez água”.
A água de fluxo natural, proveniente do derretimento da neve nas montanhas e chuva, que se acumula em outros 15 reservatórios espalhados por toda a península, também não resolverá a situação, bem como a extração de água subterrânea.
A única opção seria a construção de fabricas de dessalinização de água, garantem os especialistas locais, embora esse procedimento consuma muita energia e demande novas fontes. Nesse contexto, o gasoduto sob o fundo do mar Negro, entre Taman e Kerch, poderia se revelar bastante oportuno.
Experiência estrangeira
O presidente do comitê da Duma (câmara dos deputados na Rússia) sobre Recursos Naturais, Meio Ambiente e Ecologia, Vladímir Kachin, está avaliando a experiência de outros países, tais como Israel, onde quase toda a água doce para consumo e irrigação por gotejamento é extraída do mar.
“Não preciso dramatizar a situação”, diz, “em último caso, poderemos fornecer água para os moradores de Crimeia. Entregaremos a água em avião ou em transporte hidroviário”.
O parlamentar alerta, contudo, para o fato de água ser necessária à indústria e à agricultura. “Se a terra não for irrigada, ela sofrerá salinização e se tornará inútil por muitos anos”, ressalta. “Portanto, esperamos que as organizações internacionais, como a Osce, possam influenciar as autoridades ucranianas para que elas retomem o abastecimento de água para o Canal do Norte da Crimeia”.
Publicado originalmente pelo Moskóvski Komsomolets
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