Casos de obesidade infantil aumentaram consideravelmente desde 2000

Opções disponíveis em cantinas escolares contribuem para má alimentação das crianças Foto: ITAR-TASS

Opções disponíveis em cantinas escolares contribuem para má alimentação das crianças Foto: ITAR-TASS

Especialistas estão preocupados com o aumento do peso corporal entre os estudantes russos ao longo dos últimos 10 anos. Mudanças na alimentação, estilo de vida e pouca atenção dos pais contribuem para o fenômeno.

Mãe de um dos alunos do ensino fundamental, Natália nunca visitou a cantina da escola do seu filho nem tem interesse em conhecer o cardápio diário. Ela diz estar satisfeita com o vídeo de apresentação com imagens das refeições balanceadas que são oferecidas às crianças. “O meu filho está reclamando da comida, mas os cozinheiros oferecem um bom almoço que custa 3 dólares e é composto por três pratos. O café da manhã na escola é gratuito”, conta. Mas nem toda escola é assim.

De acordo com as estatísticas dos fabricantes de uniformes infantis, os padrões de tamanho que estão sendo usados desde os anos 2000 são pequenos demais para cerca de 10% dos atuais estudantes, cuja maioria é do sexo masculino. Pesquisas também demonstram que o problema da obesidade infantil já se transformou em uma tendência preocupante.

“Mais de 5% das crianças que moram no interior do país e 8,5% que residem na grandes cidades sofrem com o sobrepeso, números que alertam para o crescimento constante do número de crianças obesas na Rússia”, diz a endocrinologista Iúlia Zotova.

A nutricionista Elena Solomatina acredita que o aumento dos casos de obesidade infantil se deve à ingestão de uma grande quantidade de produtos ricos em estabilizadores, conservantes e açúcar. “O principal motivo disso é a incapacidade do corpo humano de absorver as substâncias que não são naturais”, explica. “Os produtos com alto teor de açúcar prejudicam o funcionamento das papilas gustativas, exigindo a quantidade de produtos adoçados cada vez mais. E, depois de ingeridos, se transformam em gordura.”

Ambas as especialistas afirmam que os hábitos adquiridos na infância são mais resistentes, e acabam sendo facilmente levados para a vida adulta. “O crescimento na quantidade de casos da obesidade infantil deve-se também ao sedentarismo. As novas gerações preferem o videogame aos jogos de verdade”, acrescenta a nutricionista.

Pais ausentes

Na opinião da imunologista Marina Apletaeva, a manutenção do peso saudável de uma criança pela alimentação é de responsabilidade dos pais. “A venda das refeições semiprontas apenas esquentadas nas cantinas dos colégios russos, a ausência do segundo lanche do dia e de um almoço equilibrado atrapalham ainda mais o processo de busca por soluções do problema da obesidade infantil. Por outro lado, os pais também não ajudam nessa missão”, critica.

A combinação dos fatores acima leva à maior ingestão calórica no período noturno, quando a energia tende a se transformar em gordura. “Mas o fato dos colégios terem sido obrigados a retirar as máquinas de venda automática de lanches e refrigerantes já é uma grande conquista”, comemora Apletaeva.

Segundo ela, o peso de uma criança costuma chamar a atenção dos pais só quando o uniforme escolar vai ficando apertado. Mas, a essa altura, o problema já exige cuidados de uma equipe médica e um tratamento adequado.

“Os psicólogos são os especialistas mais procurados por pais de crianças diagnosticadas com a obesidade. Eu sempre apoio a decisão de buscar ajuda, mas acredito que a situação não precisava ter chegado a tal ponto, traumatizando a criança e reduzindo sua autoestima”, diz a psicóloga Anna Belinskaia.

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