Situação crítica na Crimeia divide sociedade russa

Manifestações contra decisão do senado russo acabaram em detenções Foto: ITAR-TASS

Manifestações contra decisão do senado russo acabaram em detenções Foto: ITAR-TASS

Diversas cidades russas foram palco de manifestações tanto a a favor como contra uma campanha militar na Ucrânia. Enquanto as manifestações contra as operações na Crimeia foram marcadas por detenções, as passeatas “anti-Maidan” transcorreram sem incidentes.

Neste domingo (2), foram realizadas duas manifestações em Moscou - uma em apoio e outra contra a campanha militar na Ucrânia. Os opositores tomaram as ruas em torno do edifício do Ministério da Defesa e a Praça Manej, no centro da capital, em uma manifestação organizada nas redes sociais logo após a aprovação do envio de tropas adicionais ao país vizinho.

“Eu tenho medo que o meu irmão seja enviado para lutar contra a Ucrânia”, dizia uma garota aos policiais em meio aos gritos de “Não à guerra!”, que ecoavam pela multidão. Mas, posicionada para conter os manifestantes, a polícia prendeu mais de 40 pessoas perto do prédio do Ministério da Defesa, e outras 50 na praça Manej.

Paralelamente, a ação de apoio à Ucrânia, embalada pelas frases “Pútin, estou com você” e “Juntos com a Ucrânia”, reuniu cerca de 27 mil pessoas, entre representantes de organizações patrióticas e veteranos. 

“Acompanho a situação na Ucrânia e, quando vi aquilo que aconteceu na Maidan, a sensação foi como estar sendo traída pelo irmão mais novo. Afinal, os ucranianos são os nossos irmãos mais novos”, disse a jovem aluna Almira, segurando um cartaz em que lia-se “Estamos aqui pela Crimeia”. “O melhor mesmo é a Ucrânia simplesmente deixar a Crimeia passar para o nosso lado.”

Além dessa grande manifestação, o clube de moto Lobos da Noite, cujos membros tinham começado na noite de véspera uma corrida no leste da Ucrânia, também realizaram um protesto “em apoio do povo russo”.

Mais protestos

Em São Petersburgo, os representantes do partido governista Rússia Unida conseguiram reunir cerca de 15 mil pessoas que apoiavam a resolução do senado devido à “perseguição sem precedentes de cidadãos comuns com base em discriminação nacional e religiosa”. O ato em si não durou mais de meia hora.

No mesmo dia, um grupo de 50 pessoas que se opunham ao envio de tropas para a Ucrânia se juntou na praça de Santo Isaac, também em São Petersburgo. Do total de participantes, cerca de 40 pessoas foram presas.

Manifestações e as passeatas também ocorreram em Krasnodar, onde 10 mil pessoas marcharam pelas ruas, segurando cartazes “O fascismo não passará” e “Crimeia e Kuban juntos”, entre outros. “Os moradores de Kuban enviarão para a Ucrânia o primeiro lote de ajuda humanitária. E se a situação ficar muito ruim, nós daremos abrigo na nossa terra”, declarou o governador de Krasnodar, Aleksandr Tkatchev.

Uma série de manifestações em apoio aos compatriotas na Ucrânia serão realizadas na Rússia nos próximos dias. Nesta segunda-feira (3) foi a vez de Belgorod, Briansk, e Novocherkassk, e na terça estão programadas ações em Rostov, Voronej, Kostroma e Irkutsk.

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