Games russos movimentam mais de US$ 1 bilhão por ano

Russos aderiram aos jogos de pc como forma de “extravasar a energia represada” Foto: Reuters / Vostock Photo

Russos aderiram aos jogos de pc como forma de “extravasar a energia represada” Foto: Reuters / Vostock Photo

Mudanças de comportamento e acesso facilitado tornam os jogos para PC e celular um ramo próspero no país.

Cada vez mais russos preferem passar o tempo livre imersos na realidade virtual, fazendo com que o mercado de jogos de computador cresça rapidamente no país. De acordo com a empresa SuperData, a receita anual dos fabricantes de jogos de computador deve chegar a US$ 1,4 bilhões até 2015.

“Na realidade virtual, um simples funcionário pode dirigir um Estado em uma guerra intergaláctica e satisfazer plenamente as suas ambições”, explica o jogador Serguêi Ivanov, ao comentar sobre a necessidade dos russos de “extravasar a energia represada”.

Os maiores lucros ficarão com as empresas que disponibilizam jogos on-line gratuitos, pois não cairão na malha fina das novas leis antipirataria. No total, 16,6 milhões de russos já aderiram a esse tipo de game, cujos itens adicionais e opcionais são cobrados à parte.

Em 2012, o mercado de games chegou a US$1,35 bilhões, e os jogos on-line responderam por 64%. No ano passado, o mercado continuou a crescer. O economista Vassíli Iakimkin, do FIBO Group, acredita que o crescimento anual no segmento on-line chegou a 25%.

“O mercado de videogames em 2013 não apresentou qualquer sinal de estagnação”, confirmou o gerente do projeto “Jogos” do Mail.ru, Aleksandr Kuzmenko, à Gazeta Russa.

As crescentes vendas de smartphones e tablets também impulsionam os lucros. Segundo Alissa Tchumatchenko, presidente da Game Insight, alega que os jogos para celular se tornaram o passatempo predileto das pessoas que gastam horas por dia para ir ao trabalho. “Os moradores das diversas regiões que seguem para o local de trabalho no centro das megalópoles muitas vezes gastam mais de uma hora no percurso, e os jogos ocupam uma parte significativa desse tempo”, comenta.

Força nacional

Os games estrangeiros continuam sendo os principais responsáveis pelas novidades do mercado russo. O lançamento de hits como “GTA 5” ou “Battlefield 4” provocaram um verdadeiro alvoroço em Moscou, onde imensas filas foram observadas em frente às lojas nos primeiros dias de venda.

Agora é a vez dos desenvolvedores russos pegarem carona nesse boom de games, ainda que estejam predominantemente focados no mercado de jogos para dispositivos móveis. Muitos desses jogos se tornaram febres mundiais e já receberam prêmios da indústria local, como é o caso do “Jungle Heat”.

“Muitos jogos feitos na Rússia ou nos países da Comunidade dos Países Independentes são bastante populares mundo afora. Basta lembrar ‘Cut the Rope’, do estúdio moscovita Zepto Lab, que está há muito tempo no top da App Store”, destacou Kuzmenko.

No grupo Mail.Ru, os especialistas estão convencidos de que, em 2014, os futuros lançamentos “ArcheAge”, “World of Warships” e “World of Speed” serão capazes de alavancar ainda mais o mercado. “Os principais games para dispositivos móveis arrecadam até US$ 5 milhões por dia, e há muito tempo que a Rússia faz parte desse mercado”, concluiu Kuzmenko.

30 e poucos anos

A nova era na história dos games de computador são os jogos on-line para múltiplos jogadores, que vêm ganhando cada vez mais popularidade entre os usuários russos. Exemplo disso é o jogo Eve Online, do qual 7.000 jogadores participaram simultaneamente durante dois dias.

“É muito mais divertido jogar pela Internet com inimigos vivos e reais do que contra o computador, especialmente se a ação não se passa em uma pequena região do mapa”, diz o economista Iakimkin.

Apesar do sucesso, os especialistas garantem que, por enquanto, as grandes empresas não demonstram muito interesse em investir nesse segmento. “O mercado de jogos na Rússia ainda é considerado um ramo estranho e exótico”, acrescenta Kuzmenko.

Segundo ele, alguns representantes das empresas de grande porte simplesmente não imaginam o que são os videogames e, até hoje, permanecem presos ao antigo estereótipo de que os games são algo da categoria “entretenimento para crianças”. “Mas isso já mudou há muito tempo, e a idade média dos jogadores no nosso país gira em torno dos 30 anos”, finaliza.

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