Todos os soldados que estiverem ligados a essa rede serão exibidos em tempo real em um mapa digital Foto: ITAR-TASS
As unidades de manutenção da paz do exército da Rússia irão receber o "kit do soldado do futuro", especialmente adaptado para trabalhar com os exércitos da Otan. Para o equipamento de alta tecnologia Ratnik, que em breve começará a ser usado pelos soldados russos, está prevista uma modificação especial que permitirá trocar dados com unidades de outros exércitos, evitando assim o "fogo amigo" entre as forças de paz.
Quadro geral
Os protótipos do Ratnik em sua versão Otan deverão ser lançados em 2016. O kit automatizado de navegação e transmissão de informação permitirá aos membros das forças de paz russas (que incluem forças terrestres, batalhões de fuzileiros navais, da força aérea e paraquedistas) obter informações sobre o local e as atividades de tropas estrangeiras e transmitir informações sobre a sua própria localização e situação.
A rede de comunicação prevê a transmissão de ordens a cada soldado. Todos os militares, bem como os veículos blindados e veículos de combate da infantaria estarão equipados com meios de comunicação, e para monitorar tudo o que acontece e garantir o controle final haverá um painel informativo no quartel-general.
Todos os soldados que estiverem ligados a essa rede serão exibidos em tempo real em um mapa digital (de acordo com as cores de cada país) e poderão fazer anotações sobre os eventos na área patrulhada. O mapa vai combinar três tipos de representação do local: imagens de satélite, diagramas e um modelo tridimensional do terreno com maquete dos edifícios.
Comunicação protegida
Os meios de comunicação estão sendo desenvolvidos de modo a serem compatíveis com o padrão da Otan Stanag 4677. Especialistas defendem que a combinação de sistemas de comunicação é um passo necessário para a transição para as "guerras da rede" do futuro.
O especialista militar e coronel aposentado Víktor Murakhóvski explicou que se trata da adaptação aos parâmetros puramente técnicos dos padrões da Otan e que isso não vai afetar o principal, que é a criptografia de dados. "Nenhuma das partes irá divulgar esses padrões, mas você pode usar a chamada chave aberta. Essa tecnologia já é amplamente utilizada na internet", disse Murakhóvski.
Segundo ele, os algoritmos de criptografia civil serão suficientes para uma comunicação protegida em uma rede tática. Afinal a informação sobre a localização do destacamento ou comando será atualizada a cada intervalo de poucos segundos e para decifrar essa "chave aberta" são necessários meses.
Murakhóvski disse que já durante as operações conjuntas de manutenção de paz da Otan e da antiga URSS foram utilizados sistemas de comunicação compatíveis.
"Na Iugoslávia havia essa comunicação, inclusive a nível tático. Utilizava-se principalmente o diapasão VHF - dispositivos portáteis e montados em veículos blindados. Mas na época não foi criada uma conformidade com os padrões da Otan, houve apenas uma sintonia de frequências", disse o especialista.
O cientista político e especialista em segurança Aleksandr Konovalov acredita que é necessário desenvolver a cooperação: a participação em operações de paz é um dos indicadores da capacidade de desempenho de um exército.
"As ameaças de hoje ultrapassam as fronteiras, nenhum país consegue sozinho resolver esses problemas. É necessário aprender a construir tais sistemas de comunicação. Durante a sua operação em Bagdá, os americanos, que na ocasião fizeram uso do que pode ser considerada a primeira rede cêntrica, quase não sofreram baixas", diz Konovalov.
Publicado originalmente pelo Izvéstia
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