Jovens veem Lênin como ‘figura comum’

40% dos russos têm uma visão positiva de Lênin Foto: AFP / East News

40% dos russos têm uma visão positiva de Lênin Foto: AFP / East News

Atual geração tem pouco conhecimento e apreço pelo líder da Revolução Bolchevique. A necessidade de enterrar o seu corpo, que se mantém preservado em um mausoléu da Praça Vermelha, veio à tona diversas vezes nos últimos anos. Para as gerações mais velhas, contudo, Lênin continua sendo um personagem importante da história.

Viktória tem quase 50 anos e se refere a Lênin como “o homem que destruiu um imenso país”, ela não o considera um personagem positivo da história da Rússia. Iúlia, com 35 anos, acredita que ele foi um herói e um político brilhante. “O corpo de Lênin não é uma peça de museu, mas uma lenda como os faraós egípcios”, diz. Aos 20 e poucos anos, Anna encara o líder soviético como “apenas uma etapa histórica” e sequer se importa com o mausoléu na Praça Vermelha. “É uma exibição desnecessária”, comenta.

De acordo com uma pesquisa realizada no ano passado pelo instituto de pesquisa Centro Levada, 40% dos russos têm uma visão positiva de Lênin, enquanto 18% dos entrevistados criticaram a atuação do líder revolucionário. Apenas 15% guarda uma imagem positiva dele, e o restante não soube ou teve dificuldade para responder.

Ao comparar com a avaliação de outros líderes políticos, a maior percentagem de votos positivos foi para Leonid Brejnev, que liderou a União Soviética na década de 1970, e o pior índice de aceitação dos russos vai para o primeiro presidente da URSS, Mikhail Gorbatchov.

O professor de História da Universidade da Amizade dos Povos, Boris Iakemenko, acredita que a importância de Lênin como figura histórica continuará a cair. “Agora não podemos dizer que a figura dele afete a mentalidade e os valores da maioria dos russos. Ele se transformou em uma figura histórica comum, igual a muitas outras”, afirma. “É um personagem interessante de ser estudado, mas esse estudo hoje não traz nada de novo. As pessoas entendem pouco de problemática histórica”, acrescenta o historiador.

Para os alunos mais jovens de Iakemenko, Lênin se tornou uma figura que se confunde com personagens de quadrinhos. “É evidente ver que, para eles, Lênin já não existe, nem sequer como figura histórica”, explica, acrescentando que, para os idosos, o revolucionário é um “símbolo de um passado”.

Segundo o professor, o debate interminável sobre o destino do mausoléu de Lênin e do seu corpo dele requer uma decisão política, que só poderá ser tomada quando a geração mais antiga deixar de existir. “Acho que seria sensato transferir o mausoléu para o Górki, a propriedade onde Lênin viveu. Mas isso só poderá ser feito quando já não existir a geração que olha para ele como um símbolo”, conclui Iakemenko.

 

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