Deputados propõem lei que proíbe línguas estrangeiras no trabalho

Se aprovada, lei obrigará colegas de trabalho a falar russo ou a língua oficial da região Foto: Press Photo

Se aprovada, lei obrigará colegas de trabalho a falar russo ou a língua oficial da região Foto: Press Photo

Autores da lei criticam funcionários estrangeiros que não falam russo, causando “ressentimento” no local de trabalho.

A comunicação em um idioma diferente do russo no trabalho poderá em breve ser proibida sob um projeto de lei proposto por dois parlamentares do Partido Liberal Democrático da Rússia (LDPR).

Os estrangeiros que trabalham no país muitas vezes não falam russo, apontam os deputados e autores da lei Ian Zelínski e Elena Afanassieva, o que pode levar a problemas no ambiente de trabalho. “Eles [os cidadãos estrangeiros] conversam entre si em sua língua materna durante o horário de trabalho, causando ressentimento nos demais”, disseram.

O projeto de lei propõe a proibição do uso de línguas estrangeiras no trabalho por estrangeiros ou apátridas que trabalham na Rússia sob contrato, obrigando-os a falar russo ou a língua oficial da região. O russo é a língua oficial reconhecida nacionalmente, apesar de o país ter mais de duas dezenas de línguas cooficiais em repúblicas multiétnicas.

Os legisladores não deixaram claro se a lei seria aplicada à comunicação escrita, assim como à fala, ou como isso afetaria as pessoas que trabalham em empresas não russas ou com foco internacional, tais como agências de notícias de língua estrangeira.

A tensão interétnica foi intensificada nos últimos anos paralelamente a um fluxo maciço de trabalhadores estrangeiros na Rússia. Embora o principal impulso do sentimento nacionalista seja dirigido aos migrantes internos do Cáucaso do Norte e imigrantes da Ásia Central e ex-repúblicas soviéticas, a desconfiança é expressa contra qualquer cidadão não russo.

De acordo com uma pesquisa realizada em outubro pelo instituto independente Centro Levada, 66% dos russos concordam com a ideia de “Rússia para os russos”, 11% a mais do que o índice do ano anterior. O diretor do Centro Levada, Lev Gudkov, disse à rádio Svoboda em novembro passado que, com base na pesquisa, estima-se que 70% a 80% dos russos são, em algum nível, xenófobos.

 

Publicado originalmente pelo The Moscow News

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