Caça autorizada protege moradores em locais onde a situação é crítica Foto: AP
As baixas temperaturas no inverno aumentam a quantidade de animais famintos que, devido à escassez de alimentos nas florestas, tentam a sorte nos vilarejos mais próximos. Este ano, a população da península de Kamtchatka presenciou a chegada de um grande grupo de ursos que não entraram em hibernação. O resultado foram três mortes e dois casos de ferimentos graves entre os moradores locais.
No entanto, a presa preferida dos ursos acordados é gado ou aves domésticas. Na opinião dos cientistas e caçadores locais, os ursos não entraram nas suas tocas devido à fome provocada pela pequena quantidade de peixe nos rios e o volume insuficiente de frutas nas florestas da península que não os permitiu a formar uma camada de gordura necessária para sobreviver o inverno, obrigando a iniciar as buscas por alimento, inclusive nas proximidades dos povoados locais. As autoridades da região anunciaram a situação de emergência e tomaram a decisão de sacrificar todos os ursos acordados, uma medida que já causou a morte de 140 animais.
Os ursos também estão aterrorizando os moradores da República da Basquíria e já causaram a morte de um colhedor de cogumelos atacado em meados de outubro.
Os lobos vagando pelas ruas de vilarejos à noite e de madrugada apresentam ainda mais perigo aos moradores e animais domésticos locais. Na maioria das vezes, os predadores das florestas atacam os cães de guarda indefesos que estão presos nos quintais das casas de seus donos pelas correntes de ferro. Por exemplo, na República de Komi três cães foram mortos em consequência de um ataque de lobos, enquanto na unidade federativa de Kaliningrado um grupo deles matou 35 ovelhas e 20 cabeças de gado.
Vez da caça
Devido à ausência do programa federal de combate aos animais selvagens que apresentam perigo à população, cada unidade federativa toma as suas próprias providências.
Nos locais onde os ataques de lobos são muito raros, as autoridades geralmente não autorizam a caça, preferindo orientar a população a observar as simples instruções de segurança, que incluem a permanência dentro de casa à noite, acompanhamento constante de crianças pelos adultos, proteção a cães e contato imediato com os caçadores.
Ao contrário dos lobos, os ursos são visitantes raros nos locais habitados por seres humanos, portanto, as medidas de segurança elaboradas pelas autoridades locais são diferentes. É aconselhável entrar nas florestas apenas em grupos, falar alto ou até cantar ao longo da caminhada para que os animais percebam a presença de seres humanos e evitem o contato indesejado. Mas caso o encontro aconteça, é necessário tentar sair do local lentamente e sem fazer movimentos bruscos. Em caso de ataque, não adianta tentar fugir ou se esconder numa árvore – a única forma de se salvar é cair no chão e se fingir de morto.
Em algumas regiões do país, onde a população dos animais selvagens já atingiu o número crítico, apenas a caça autorizada poderá proteger os moradores.
De acordo com a legislação vigente, a eliminação dos bichos selvagens sem devida autorização considera-se uma infração administrativa e prevê uma multa de 2 a 5 mil rublos (U$ 65-165). As licenças à “caça com o objetivo de controlar a população dos animais selvagens” são emitidas pelo Ministério de Recursos Naturais e Meio Ambiente da Rússia e são destinadas apenas aos policiais e caçadores. Além disso, a lei proíbe a utilização de armadilhas e venenos na caça de lobos que poderão ser mortos apenas a tiros.
Autodefesa
Cada uma das unidades federativas russas possui a própria verba destinada à redução da população de animais selvagens. Por exemplo, as autoridades da República da Iakútia pretendem gastar 32 milhões de rublos (cerca de 1 milhão de dólares) para essa finalidade. Além das pistolas, os caçadores contarão com a ajuda de aparelhos voadores.
Devido às grandes distâncias entre os vilarejos da unidade federativa de Irkutsk, não há policiais suficientes para proteger todos os cidadãos dos lobos selvagens, cuja população já supera a permitida em mais de três vezes: 4 mil cabeças, enquanto o número padrão é de apenas 800.
A realidade obriga os moradores locais a defender as suas famílias por conta própria, o que também os permite a aumentar a sua renda: por cada lobo morto as autoridades pagam um prêmio de 20 mil rublos (cerca de U$ 650), um valor significativo para qualquer trabalhador da região, onde o salário médio atual é de 27 mil rublos (U$ 900). A administração da unidade federativa disponibilizou 6 milhões de rublos (U$ 200 mil) apenas para o pagamento de prêmios.
No entanto, na opinião do Nikolai Vichegorodskikh, chefe da Diretoria de Proteção de Animais, Recursos Aquáticos Naturais e Meio Ambiente, o controle forçado da população de lobos deverá ser usado apenas em casos extremos. “Os ratos e outros animais pequenos compõem 60% das refeições de lobos selvagens. Além disso, esses animais têm medo de seres humanos e evitam atacá-los”, afirma.
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: