Cerca de 380 manifestantes foram presos depois de uma multidão composta por quase 3.000 pessoas invadirem o bairro Biriuliovo, no sul de Moscou, neste domingo (13). O protesto teve como pano de fundo a falta de progresso na investigação do assassinato de um morador local de 25 anos, Igor Scherbakov, que teria sido morto por um trabalhador imigrante do Cáucaso.
O assassinato de Scherbakov, um russo étnico, despertou tensões étnicas em Moscou, onde o problema da imigração descontrolada de ex-repúblicas soviéticas foi o foco da mais recente campanha para prefeito.
Scherbakov levou várias facadas no peito em uma briga de rua travada com um estranho, que teria provocado sua namorada enquanto voltavam de uma sala de bilhar na noite de quinta-feira passada (10).
Uma câmera de vigilância em um quarteirão próximo capturou o rosto do suposto assassino, mas a polícia não conseguiu identificá-lo. Porém, os moradores acreditam que o criminoso é proveniente do Cáucaso e trabalha em um mercadinho local.
Centenas de locais se reuniram em frente à sede da polícia do bairro no sábado à noite e domingo à tarde, exigindo que a polícia encontre o assassino e lide de forma mais eficaz com os crimes supostamente cometidos por imigrantes.
Foto: RIA Nóvosti
O chefe de polícia local se comprometeu a fazer todo o possível para trazer o assassino à justiça, mas a promessa por si só não foi suficiente para acalmar a multidão.
A polícia de Moscou foi colocada em alerta máximo na noite de domingo, depois de centenas de pessoas invadirem o shopping Biriuza, em Biriuliovo, onde os funcionários são, em grande parte, imigrantes. Os moradores, acompanhados de membros de grupos nacionalistas, quebraram janelas, atearam fogo em uma das lojas e viraram uma caminhonete em uma rua próxima.
Dezenas de manifestantes foram detidos, enquanto o restante se dirigiu ao depósito local de produtos hortícolas, onde mais imigrantes vivem e trabalham. A multidão invadiu o armazém, que também havia sido fechado após receber os alertas.
“Estamos cansados da ilegalidade nesse armazém”, disse um manifestante ao canal de TV a cabo Dojd na noite deste domingo. “Eles vêm aqui para definir as suas regras”, acrescentou ele, referindo-se aos imigrantes.
A polícia usou cassetetes para dispersar a multidão, mas não conseguiu acabar com o tumulto, já que o grupo foi reforçado por centenas de torcedores de futebol que começaram a chegar de lugares diferentes da capital.
As prisões continuaram até tarde da noite, quando manifestantes viraram outros carros e quiosques supostamente de propriedade de imigrantes.
O ministro do Interior russo, Vladímir Kolokoltsev, disse a agência de notícias RIA Nóvosti os instigadores e participantes dos protestos em Biriuliovo devem ser chamados à justiça. “Negociações com criminosos estão fora de questão”, acrescentou o ministro.
Na noite de domingo, a polícia também isolou a praça Manéjnaia, perto do Kremlin, onde nacionalistas e torcedores de futebol realizaram uma das manifestações mais violentas da história da Rússia moderna. O incidente aconteceu em dezembro de 2010, depois de um torcedor do Spartak Moscou, Ígor Sviridov, ser assassinado por um grupo de jovens do Cáucaso do Norte.
Em julho deste ano, a cidade de Pugatchiov, no delta do Volga, foi atingida por uma onda de manifestações anti-imigrantes, durante a qual moradores bloquearam uma rodovia federal. Os protestos foram motivados pelo assassinato de um russo étnico por um adolescente tchetcheno.
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