Rússia terá duas novas reservas naturais e mais cinco parques nacionais até o final de 2014

De 2014 até 2020, prevê-se a criação de outros 16 parques naturais na Rússia Foto: Alamy/LegionMedia

De 2014 até 2020, prevê-se a criação de outros 16 parques naturais na Rússia Foto: Alamy/LegionMedia

Para especialista, no entanto, dinheiro canalizado para a preservação e estudos científicos nessas áreas ainda é insuficiente. Além disso, pode não ser fácil contratar quadros qualificados.

Até o final de 2014, duas novas reservas naturais, cinco parques nacionais e um “zakaznik” federal (zona especial com espécies e objetos protegidos) serão abertos na Rússia. Até 2020, serão mais seis as áreas protegidas e mais onze os parques nacionais. Na opinião de especialistas, há muito se tornara necessário criar novas reservas naturais, mas faltava dinheiro para tal. 

Uma nova reserva natural ou parque nacional exigem mais do que cercar uma área e nomear um guarda –é preciso juntar um conjunto de especialistas para estudar a zona escolhida e organizar excursões para os amantes da natureza.

“Qualquer território exige financiamento. Preservar as áreas de interesse é obrigação do Estado. São necessários estudos, é preciso educar a população e conceber iniciativas para manter o complexo natural. Os parques naturais podem abranger povoações –quem vive nestes locais tem que receber informação. Frequentemente, ao mesmo tempo que se preserva a natureza, preserva-se também a herança cultural”, realça Natália Danílina, diretora do Centro Ecológico e Cultural “Zapovédniki” (Reservas Naturais), uma organização sem fins lucrativos.

Danílina diz que quando se aposta fortemente no incremento do turismo, há de se desenvolver também os parques naturais, que são poucos na Rússia.

“É o formato de zonas naturais protegidas que mais impulsiona o turismo. Além de serem poucas essas áreas, elas estão irregularmente distribuídas pelo país. Um parque nacional deve cumprir duas tarefas de igual importância: promover o turismo e preservar a natureza. Contrariamente à reserva natural, o parque nacional está aberto aos visitantes, o que torna tudo mais difícil, já que os visitantes sempre deixam lixo e a logística é mais complexa. Para que os animais não se sintam incomodados, precisamos de especialistas para enquadrar os visitantes”, explica Danílina.

De 2014 até 2020, prevê-se a criação de outros 16 parques naturais na Rússia. Em primeiro lugar, a atenção será dada aos seguintes parques nacionais: “Ilhas Shantar” (Território Khabárovski), “Tchikói” (Território Zabaikalski), “Atárskaia Luka” (unidade federativa de Kirov), “Montes de Senguilei” (unidade federativa de Ulianov), “Moskvorétski” (unidade federativa de Moscou). Já as reservas naturais serão: “Inguermanlándski” (unidade federativa Leningrádskaia) e “Vassiugánskoe Boloto” (unidades federativas de Tomsk e Novossibirsk), bem como “zakaznik” federal chamado “Solovétskie Ostrová” (unidade federal de Arkhanguelsk).

“A partir de 2014, estas áreas passarão a protegidas, porque os seus projetos estão mais avançados. Ali já foram realizadas pesquisas científicas, passados certificados etc. Cada objeto natural é único”, frisa Vsévolod Stepanítski, diretor do Departamento de Política Estatal, Coordenação da Defesa do Ambiente e Segurança Ecológica do Ministério dos Recursos Naturais e Ecologia da Rússia.

“Por exemplo, a reserva natural ‘Inguermanlándski’ está sendo criada nas ilhas situadas a norte do Golfo da Finlândia, na fronteira com a Rússia. São ecossistemas ilhéus únicos importantes para as migrações de aves aquáticas e para a preservação da população das focas do Báltico. Do outro lado da fronteira finlandesa existe há muito o parque nacional das ilhas marítimas.”

 As florestas dos arredores de Moscou que sobreviveram à urbanização também serão preservadas. Os especialistas estão satisfeitos, sobretudo, com a criação da reserva natural “Vassiugánskoe Boloto”. “É um dos maiores ecossistemas do mundo, com áreas pantanosas sem análogos e uma grande reserva de água doce”, realça Stepanítski.

No entanto, Stepanítski nota que os montantes canalizados para a preservação e estudos científicos são insuficientes. Além disso, pode não ser fácil contratar quadros qualificados.

“As despesas estão previstas no orçamento federal até 2020, os nossos objetos têm custos diferentes, dependendo da sua localização e objetivos. Agora, temos 102 reservas naturais do Estado, 45 parques nacionais e 70 ‘zakaznik’ federais, que empregam cerca de 10 mil pessoas. Um dos problemas que enfrentamos é o dos baixos salários, o que dificulta o recrutamento. Para alterar radicalmente a situação, temos que duplicar o orçamento”, explica Stepanitski. Atualmente, o orçamento dos territórios naturais não ultrapassa os 5,6  bilhões de rublos (cerca de US$ 173 milhões).

Natália Danílina está certa de que, com o tempo, o problema da escassez de especialistas será resolvido, mesmo com os atuais vencimentos, que são bastante modestos.

Como escrevem os trabalhadores das reservas naturais nos fóruns especializados da internet, o melhor é conseguir trabalho nas reservas do norte, embora seja necessário arranjar outros trabalhos para equilibrar o orçamento familiar.

“Nos Urais, ofereceram-me um ordenado de 5 mil rublos (cerca de US$ 154), que subiria para 8 mil (cerca de US$ 247) com prêmios e outros acréscimos. Contudo, a instalação na nova morada não ficaria barata”, escreveu um ecologista.

Para alguns estudantes em fase final em cursos superiores, no entanto, não importam os baixos salários.

“Desde pequena que gosto da natureza e sempre sonhei trabalhar na sua preservação”,  conta Elena Babénkova, estudante da Faculdade de Biologia e Estudo dos Solos da Universidade de S. Petersburgo. “Trabalhar numa reserva natural é um modo de vida diferente de todos os outros. Quando me formar, com certeza arranjarei um lugar desses.” 

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