Mais enfermeiras

O trabalho de uma enfermeira-chefe requer muito esforço e o preenchimento constante de papeis, razões que dificultam a busca por uma candidata Foto: RIA Nóvosti

O trabalho de uma enfermeira-chefe requer muito esforço e o preenchimento constante de papeis, razões que dificultam a busca por uma candidata Foto: RIA Nóvosti

Contra a falta brasileira de médicos, tchetchenos carecem de enfermeiras qualificadas após a guerra.

A falta de enfermeiras experientes na República da Tchetchênia, que se recupera após as guerras dos anos 2000, está levando profissionais de outras unidades federativas da Rússia para a região.

A enfermeira Elvira Mikháilovna, por exemplo, trabalhou mais de 30 anos em Moscou e foi convidada a ensinar jovens enfermeiras tchetchenas o caminho das pedras há um ano e meio.

Não foi por acaso queElvira escolheu a profissão. Ainda jovem, uma de suas irmãs teve um pulmão retirado, precisando de acompanhamento constante.

Assim, deixou o sonho de ser perfumista e foi estudar enfermagem. "Queria ser química e trabalhar com aromas, no ramo da perfumaria. Mas a minha irmã disse que aquilo não era nada prático e seria melhor eu escolher a área da medicina”, conta Elvira.

Foi o conselho da irmã doente que a levou a uma escola de enfermagem. “Ingressei em 1978, e recebi o diploma com distinção dois anos depois”, conta Elvira.

Depois do curso de ensino médio profissionalizante, ela queria continuar a estudar e tornar-se médica, mas a situação financeira da família a impediu.

“Casei e me mudei com meu marido. Parti da minha cidade natal, Naltchik, para Moscou. Ele estava na faculdade, e nossos pais não podiam sustentar dois estudantes, por isso comecei a trabalhar. Depois, fizemos juntos um curso superior de direito, mas eu não quis trabalhar em mais nada a não ser enfermagem", conta. 

Foto: arquivo pessoal

Na Tchetchênia

Convidada há um ano e meio, Elvira partiu para a República da Tchetchênia para ensinar na prática a profissão às jovens enfermeiras locais. A tarefa, porém, não foi tão fácil como pareceu.

“Estou aqui há um ano e meio e tive uma só aluna, que agora tornou-se enfermeira cirúrgica. Ainda não consegui encontrar nenhuma aluna que queira ser enfermeira-chefe, então eu mesma estou ocupando o cargo. Espero achar alguém logo, porque senão vou me sentir péssima por não ter cumprido minha missão”, conta Elvira.

O trabalho de uma enfermeira-chefe, segundo ela, requer muito esforço e o preenchimento constante de papeis, razões que dificultam a busca por uma candidata.

“Outra razão de não haver pretendentes é que a certificação da nova formação tem custos elevados. Com os baixos salários pagos, é difícil financiar essa formação. Na Tchetchênia, o salário de uma enfermeira em início da carreira é cerca de 5 mil rublos [R$350]”, diz Elvira.

Especialista convidada com qualificação superior, experiência de trabalho de mais de 30 anos e dupla carga horária, Elvira recebe cerca de R$ 900 por mês.

Apesar de todas as dificuldades, ela nunca quis mudar de. “Sempre senti que isso era o que eu queria fazer. Se posso ajudar, é o que devo fazer. Se a gente não ajudar as pessoas, quem irá fazê-lo?”   

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