Cientistas desenvolvem rede de hidrelétricas para evitar enchentes no Extremo Oriente

Homem tenta se locomover dentro do estádio Lênin, sede do clube de futebol local SKA-Energuia Foto: Reuters

Homem tenta se locomover dentro do estádio Lênin, sede do clube de futebol local SKA-Energuia Foto: Reuters

Construção de rede de usinas hidrelétricas nos afluentes do rio Amur ajudará a evitar nos tragédias no Extremo Oriente russo. Porém, ambientalistas apontam que enchentes poderiam ser simplesmente reduzidas se houvesse observação dos padrões do Código de Águas, que proíbe a construção de casas próximo aos rios.

Ao longo da última semana, o nível de água na cidade de Khabarovsk, a cerca de 30 km da fronteira chinesa, subiu 8,3 metros, levando à evacuação da região inteira com população de 600 mil habitantes. Mas, apesar de situação calamitosa, as consequências provocadas pelas enchentes poderiam ser muito mais sérias se não houvesse usinas hidrelétricas nos afluentes do rio Amur.

“Se elas não existissem, os níveis de água nos rios poderiam subir seis metros a mais em um período de tempo ainda mais curto, descartando qualquer possibilidade de evacuação dos moradores”, explica Serguêi Sirótski, chefe de um laboratório de hidrologia e ciências hidrológicas coligado à Academia de Ciências da Rússia.

Para evitar futuras inundações tão graves, o especialista aponta para a necessidade de construção das novas centrais hidrelétricas. “Os engenheiros voltam a considerar o plano de desenvolvimento da rede de usinas hidrelétricas elaborado ainda na época da União Soviética”, conta Sirótski.

A prioridade atual é criar um mecanismo de controle adicional da bacia do rio Zeia, responsável por 30% do fluxo total do Amur . “Pretendemos construir a central hidrelétrica Nijnezéiskaia, que vai igualar a distribuição do fluxo de água que sai das instalações da usina Zéiskaia, permitindo assim evitar o alagamento das cidades circundantes”, explica o cientista.

No total, o plano inclui a construção de sete instalações hidrelétricas, que completarão o complexo já existente composto por duas centrais em operação. “Assim, teremos uma maneira de proteger a população e a futura safra das unidades federativas de Amur e Khabarovsk, além da Região Autônoma Judaica, que regularmente sofrem com alagamentos”, continua Sirótski.

Entretanto, o plano de construção das novas barragens não agradou a todos. Na opinião de Ígor Tchéstin, diretor da filial russa do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a criação das centrais hidrelétricas poderá trazer as consequência negativas para a situação ecológica da região. “Devido às possíveis modificações que poderão ser causados ao ecossistema do rio Amur e que prejudicarão a sua principal função, que é a propagação de peixes, o seu leito principal não pode abrigar nenhuma central hidrelétrica”, disse Tchéstin à Gazeta Russa.

Segundo ele, as enchentes têm suas vantagens para o meio ambiente, tais como a limpeza de planícies fluviais, o enriquecimento do solo e o aumento de quantidade de peixe nos reservatórios.  Por isso, Tchéstin alega que, em vez de desenvolver novas estruturas prejudiciais para o ecossistema, as autoridades deveriam ter um controle maior sobre as planícies fluviais.

“As últimas décadas foram caracterizadas por épocas secas que reduziram o volume do fluxo dos rios. Assim, os moradores deixaram de observar as exigências do Código de Águas que proíbe a construção de casas à distância abaixo de 200 metros da beira do rio”, afirmou o ambientalista.

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