Governo aumenta punições no código de trânsito

Punição mais severa incluirá multa de R$ 3.500 e cassação da carteira de habilitação Foto: ITAR-TASS

Punição mais severa incluirá multa de R$ 3.500 e cassação da carteira de habilitação Foto: ITAR-TASS

Enquanto polícia de trânsito defende que o aumento de punições irá melhorar a conduta dos motoristas, especialistas rebatem que medida não vai alterar o estilo agressivo de direção dos russos.

As novas regras de trânsito que reforçam as punições para 46 infrações  entrarão em vigor a partir do dia 1º de setembro. As multas máximas para quem for pego com excesso de velocidade superior a 80 km/h sobre os limites estabelecidos, passagem no sinal vermelho, direção sob efeito de álcool e ultrapassagem pelo acostamento aumentarão em até 10 vezes, para cerca de R$ 3.500.

O motorista que for reincidente no período de um ano pagará uma multa ainda mais elevada. A maior sanção, que inclui multa de R$ 3.500 e cassação da carteira de habilitação, será aplicada em caso de reincidência de embriaguez ao volante. Cabe notar que, antes, era proibido aplicar duas penalidades (multa e cassação da carteira) concomitantemente.

“Após a análise da aplicação de multas aumentadas, o governo vai decidir se vale a pena continuar endurecendo penalidades para motoristas infratores”, explica o vice-chefe da polícia de trânsito, Vladímir Kuzin. A polícia de trânsito está confiante de que os motoristas ficarão mais disciplinados, e isso se refletirá na diminuição do número de acidentes.

No entanto, os especialistas não compartilham o otimismo das autoridades policiais. O presidente da Associação de Proteção Jurídica dos Proprietários de Veículos Particulares, Víktor Travin, acredita que a taxa de acidentes de trânsito não depende da quantidade nem do valor das multas aplicadas.

“Nos últimos anos, o governo aumentou várias vezes o valor das multas, mas a taxa de acidentes continua alta. Nossos motoristas atuam em um ambiente diferente do da Europa, por exemplo. Estamos sempre com pressa, tentando resolver um monte de problemas da vida cotidiana, e nenhum de nós olha em volta. Aqui ninguém dirige pelo prazer”, diz. “As pessoas gastam tempo em congestionamentos e procuram  recuperar o tempo perdido excedendo a velocidade permitida.”

Fato é que os russos, e não só os motoristas, têm problemas quando o assunto é respeito às leis.  “Somos uma nação que não respeita a lei. Nem sempre pagamos impostos sobre os rendimentos proveniente de aluguel de imóvel ou o valor dos presentes recebidos, por exemplo. Os psicólogos afirmam que o aumento do valor das multas só tem efeito no primeiro ano. Depois, as pessoas se acostumam ou se adaptam”, continua Travin. “Enquanto houver corrupção e autoridades que desrespeitam a lei, a população também não vai se comportar de forma adequada.”

A mesma opinião é expressa pelo diretor do Centro de Apoio Psicológico e Aconselhamento Jurídico em Situações de Emergência, Mikhail Vinogradov. Segundo ele, para melhorar a conduta de motoristas nas estradas, é preciso ministrar um curso de comunicação nas autoescolas. “Certa vez, o carro de uma moça apresentou uma falha e parou. Ela pediu ajuda para levá-lo para o acostamento. Um jovem que se ofereceu para ajudá-la acabou apanhando por supostamente atrapalhar o trânsito”, conta Vinogradov.

No ano passado, a polícia contabilizou cerca de 43 milhões de acidentes no trânsito, um índice 1,4% superior ao registrado em 2011. De todos os acidentes no ano passado, 200 mil deixaram 28 mil mortos e 250 feridos. Excesso de velocidade, imprudência dos pedestres e más condições das vias foram apontados como os principais motivos para tais ocorrências.

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