De acordo com o estudo, a profissão de carteiro é uma das funções em vias de extinção em um futuro próximo Foto: ITAR-TASS
Com a intenção de apresentar as tendências do futuro no mercado de trabalho, a Escola de Administração Skôlkovo (EGM) divulgou uma lista com os 100 novos perfis profissionais mais requisitados e as 30 profissões que deixarão de existir com o passar dos anos.
“Uma das questões mais importantes no desenvolvimento do mercado de trabalho é a coordenação bilateral entre o sistema de ensino e o mercado de trabalho. Nosso objetivo é prever a demanda futura de especialistas que ainda não existem e alertar as principais universidades para a necessidade de formar esses especialistas”, diz um dos autores do estudo e professor de prática da EGM, Pável Lukcha.
O processo é cíclico: em primeiro lugar, os empregadores sentem criam a demanda de novos especialistas para atender às necessidades atuais. “Inicialmente se deparam com a falta de um determinado especialista e depois, então, começam a procurá-lo. Mas este ciclo de consciencialização leva tempo para se formar”, acrescenta o professor. A indústria de biotecnologia, por exemplo, está em rápida expansão nos nossos dias e ocupará no mercado uma posição diferente da atual.
No presente estudo são apresentados detalhadamente os 19 principais ramos profissionais e orientações técnicas, que variam desde a medicina e biotecnologia até a indústria da construção civil e produtos infantis. Na primeira etapa foram analisadas as principais mudanças e novas tecnologias que levarão ao surgimento de novas profissões até 2020 e, na segunda, como será o mercado após 2020. Participaram da pesquisa 2 mil especialistas.
A classificação depende, sobretudo, do sucesso de desenvolvimento do país e do mundo – como guerras, desastres naturais e desenvolvimento tecnológico. Mas os especialistas garantem que a regulamentação e inclusão de novas profissões permitirá manter e desenvolver a indústria, a saúde e a ciência, seja qual for o cenário de desenvolvimento mundial.
Apesar de servir como uma parâmetro para o futuro, o relatório foi encarado com ceticismo por Irina Denissova, professora da Escola de Economia da Rússia. “Esse tipo de estudo deve ser baseado em estatísticas adicionais e na criação de modelos para prever o cenário. Atualmente não existe sequer uma boa previsão setorial de qual será o desenvolvimento do país”, argumenta Denissova.
Profissões falidas
Um capítulo especial do relatório é dedicado às 30 profissões em vias de extinção. Os autores alegam que boa parte delas sairão do mercado por causa da automatização do trabalho. Outra parcela irá afundar juntamente com o próprio setor ao qual pertencem.
Entre as indústrias que estão com os dias contados, o estudo aponta o setor de celulose e editorial, assim como as profissões de arquivista e bibliotecário. Ainda antes de 2020, os especialistas preveem o desaparecimento de funções como: agente de viagens, palestrante, costureira, ascensorista, operador de máquinas e carteiro.
Depois desse período entrarão nessa lista das funções sem demanda os zeladores, encarregados de obras, mineiros, jornalistas, gerentes de operações logísticas, notários, farmacêuticos, consultores jurídicos e até mesmo inspetores da polícia rodoviária.
“Uma das principais causas para o desaparecimento de uma profissão é a mecanização e automação do seu processo; no entanto, isso não irá reduzir a taxa de emprego”, explica Lukcha. “As pessoas estão migrando para outras especializações que requerem um trabalho mais necessário e inexistente anteriormente.”
Trabalhador do futuro
Os autores do estudo acreditam que a multidisciplinaridade será uma das vantagens competitivas do trabalhador do futuro. Os setores inovadores necessitam de uma “abordagem ecossistêmica”, formação de grupos e equipes de especialistas com competências inter-relacionadas que permitam criar e lançar novos produtos, elaborar o marketing da nova produção e projetar a sua concepção.
A lógica da demanda de profissionais por essas novas competências específicas é necessária para o desenvolvimento de novas indústrias, mas, com raras exceções, as indústrias atuais ainda não estão prontas para promover tais mudanças.
“De qualquer modo, esse estudo é muito útil”, acredita Denissova. “Ele serve de orientação a médio e curto prazo para todos: empregadores, sistema educacional, pais e alunos. Devemos, no entanto, entender que o relatório descreve antes de mais nada a fronteira tecnológica dentro de 5 ou 10 anos, e as respetivas competências e profissões exigidas pelo mercado”, conclui a professora.
Publicado originalmente
pelo jornal Vedomosti
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