Enchentes deixam um milhão de km2 debaixo d’água no Extremo Oriente

Volume de água nos rios da região é o maior desde o final do século 19 Foto: RIA Nóvosti / Serguêi Mámontov

Volume de água nos rios da região é o maior desde o final do século 19 Foto: RIA Nóvosti / Serguêi Mámontov

As chuvas torrenciais no Extremo Oriente russo estão provocando o transbordamento de rios, a inundação de cidades inteiras e o rompimento de comportas de usinas hidrelétricas da região.

Em Khabarovsk, principal cidade do Extremo Oriente que se estende ao longo do rio numa extensão de 50 quilômetros, foram colocados diques para conter o volume das águas. O aumento do volume de água fez com que o rio subisse sete metros. O recorde anterior havia sido registrado no final do século 19, quando as águas dos rios subiram pouco mais de 6 metros.

Nesta quarta-feira (21), um empresário japonês que estava em viagem de negócios permaneceu sete horas ajudando os residentes de Khabarovsk a criar barreiras. “Estou aqui a negócios, mas, vendo a desgraça que se aproxima, não posso ficar de braços cruzados”, disse. Mesmo assim, o rio consegue romper e penetrar através das paredes de proteção, produzindo ondas que varrem as ruas da cidade e rapidamente se aproximam das casas.

Até o momento, mais de 21 mil moradores já foram obrigados a deixar suas residências. De acordo com as autoridades locais, se a situação se mantiver, mais 100 mil pessoas terão que seguir o mesmo destino.

Uma dessas pessoas é o aposentado Aleksandr Levin, do pequeno povoado de Kukelevo, na Região Autônoma Judaica. Embora sua casa tivesse sido inundada pelas água, Levin só deixou sua casa depois que um resgate do Ministério para Situações de Emergência chegou ao local e o idoso saiu carregado nos braços de um bombeiro. Mas ele não é o único.

Há outros locais desesperados, que se recusam a abandonar as suas casas já semi-inundadas, na tentativa de proteger dos eventuais saqueadores os pertences que ainda não foram levados pelas águas.

As ilhas do rio Amur também estão desaparecendo uma após outra, e essa situação deve se repetir nas ilhas Bolchoi Ussuriiski, no lado russo, e Heixiazi, na China. Em ambos os territórios, tanto no chinês como no russo, foi cortado o fornecimento elétrico, e praticamente todos os moradores foram evacuados, com exceção dos guardas de fronteira.

Inúmeros aviões de transporte, levando hospitais móveis e diques para deter as águas, alimentos e medicamentos, chegam ao Extremo Oriente russo durante o dia todo. As regiões afetadas pelas inundações também receberam toneladas de vacinas contra hepatite A e disenteria. Atualmente, trabalham no local 13 mil indivíduos das equipes de resgate vindas de todas as partes da Rússia.

As vítimas das enchentes estão recebendo abrigo temporário em prédios de escolas e faculdades. Nos centros de evacuação, além de receberem alimento, as pessoas têm apoio médico e psicólogo.

“Perdemos tudo”, lamenta Svetlana Filippovna. “Já nos pagaram a primeira indenização de 10 mil rublos e prometem pagar mais. Para a nossa família vai dar uns 400 mil rublos. Mas esse dinheiro não é suficiente para construir uma casa nova. Além disso, dentro de um mês, chegará o frio.”

A água também inundou qualquer esperança de colheita para este ano, já que as principais áreas agrícolas do Extremo Oriente ficaram debaixo de água. Na região de Priamurie, que é considerada o celeiro de soja da Rússia e responde por mais de metade da colheita do produto no país, as cheias não deixam rastro das plantações.

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