Metade dos cidadãos (51%) reconhece que não tem um entendimento profundo sobre política Foto: ITAR-TASS
Quase dois terços dos cidadãos russos (65%) acreditam que os partidos lutam por seus próprios interesses e que o resultado dessa luta “não traz benefícios para o povo”. Esse foi um dos dados obtidos na pesquisa conduzida pelo Centro Levada entre os dias 18 e 22 de julho.
Dos 1,6 milhões de entrevistados, apenas um quarto (26%) acredita que a competição partidária leva em conta os interesses que refletem a vontade do povo. Também em relação aos políticos, os cidadãos demonstraram ser bastante céticos: 80% dos entrevistados concordam que “[os políticos] só estão interessados em obter e manter o poder”. Apenas 13% acreditam que os políticos se orientam pelos desejos dos eleitores.
“As pessoas estão cada vez mais decepcionadas não só com os partidos e os políticos, mas também com as eleições”, diz o vice-diretor de Centro Levada, Aleksêi Grajdankin, acrescentando que a atitude em relação aos partidos se deve ao papel que desempenham na vida do país. No caso da Rússia, o papel do parlamento é pequeno perto do poder presidencial. “As pessoas se perguntam para que serve se envolver em atividades e lutas partidárias quando isso não traz qualquer consequência real. Daí cresce a convicção de que os membros dos partidos entram nisso apenas para satisfazer ambições e interesses pessoais”, explica Grajdankin.
Metade dos cidadãos (51%) reconhece que não tem um entendimento profundo sobre política. Além disso, 59% afirmaram que a política “lhes causa angústia”. “Proteste ou não, nada no país vai mudar, as pessoas estão cansadas disso, elas deixam de acreditar que as coisas podem se transformar", diz o vice-presidente do instituto de pesquisa.
O sentimento apolítico é uma tendência que vem dominando a sociedade russa há alguns anos. Em 2011, o Centro de Pesquisas de Opinião Pública apresentou um estudo no qual dois terços dos russos (61%) não se mostravam interessados pela vida social e política do país. Na época, os entrevistados ressaltaram “a inutilidade dos esforços” (25%) como um dos principais motivos para esse descaso.
O investigador sênior do Instituto de Sociologia da Academia Russa de Ciências, Leonti Bizov, alega que o caráter apolítico dos russos está relacionado à mudança de gerações. “Os mais jovens acham que hoje nada depende de política e que, por isso mesmo, o importante é se ocuparem de suas vidas. Esse pensamento está lentamente ganhando força”, afirma o sociólogo.
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