Por que os jovens deixam a Rússia

De acordo com os sociólogos, na maioria das vezes, aqueles que desejam deixar o país não têm ideia do que vão fazer no exterior Foto: Getty Images/ Fotobank

De acordo com os sociólogos, na maioria das vezes, aqueles que desejam deixar o país não têm ideia do que vão fazer no exterior Foto: Getty Images/ Fotobank

Estudo mostra que russos com menos de 25 anos têm maior vontade de emigrar. Ainda assim, 85% dos entrevistados declaram não querer deixar o país.

Quase metade dos russos acredita que mudar-se para outro país é possível, enquanto apenas 13% deles, sobretudo os jovens, estão realmente dispostos a fazê-lo. É o que mostra um estudo realizado pelo VTsIOM (Centro Nacional de Pesquisas de Opinião Pública).

A maioria dos entrevistados pelo instituto (85%) declarou não ter intenção de  deixar o país. As respostas variaram com a idade. Pessoas com idade superior a 45 anos, por exemplo, mostraram maior vontade de permanecer no país de origem, enquanto jovens com menos de 25 anos disseram querer partir.

Segundo os especialistas do VTsIOM, os russos começaram a encarar a mudança para outros países de forma mais tranquila, como uma etapa da vida, e não uma alteração definitiva.

Nos últimos anos, a atitude dos russos para com a possibilidade de emigração mudou. Há cinco anos, mais da metade dos entrevistados (58%) acreditava que deixar o país de origem era um ato antipatriótico, enquanto apenas 37% consideravam essa mudança algo normal, segundo dados do VTsIOM. Atualmente, as duas posições são quase equiparáveis: 46% e 48%, respectivamente.

Ainda de acordo com os sociólogos, na maioria das vezes, aqueles que desejam deixar o país não têm ideia do que vão fazer no exterior.

Não há lugar como nosso lar

A  principal causa da emigração é o desejo de melhorar de vida (56%). Em segundo lugar, está a esperança de mais oportunidades para se realizar (21%). O terceiro motivo mais citado é  viver em um lugar onde haja "mais ordem” (7%).

A bancária Elena Kurépina, de 28 anos, tem diploma universitário e fala inglês. Além disso, tem atitudes mais pragmáticas que patrióticas, mas não quer deixar a Rússia.

“Gosto de viver na Rússia. Gosto de poder me encontrar com meus pais quando quiser, e não no Skype ou uma vez por ano. Aqui tenho amigos, um bom trabalho, recordações”, diz.

Kurépina acredita que, apesar de haver a possibilidade de se buscar melhores oportunidades no exterior, na Rússia há mais perspectivas.

“Tenho um bom amigo que estudou dois anos na Faculdade de Direito da Universidade de Stanford. Quando ele voltou, perguntei por que ele não ficou para trabalhar como advogado nos EUA, como sonhava. Ele me disse: 'Imagine, um talentoso advogado do Tadjiquistão chegando para trabalhar em Moscou'".

A experiência do amigo faz Kurépina acreditar que, após algum tempo fora, as pessoas vejam que cada país tem seus problemas e voltem para casa.

Já Irina Kuznetsova não relutou em trocar a terra natal por Madri, na Espanha. Kuznetsova mudou-se neste ano acreditando ter lá mais perspectivas que na Rússia.

“Mesmo aqueles que criticam a Espanha concluem que jamais a deixariam. Apesar da crise, não faltam ofertas de emprego aqui”, diz Kuznetsova.

Para ela, a pergunta "quem precisa de você aí?" é típica da mentalidade soviética.

"Não volto a Moscou, mesmo que me prometam um salário de 20 mil euros por mês. É impossível trocar o conforto de viver aqui pela correria e atrapalhação de Moscou, onde sempre me senti mal por causa do frio”, conclui.  

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