Lei antigay reacende debate sobre estudos de gênero

Organizadora do evento alega que tema nunca recebeu "atenção suficiente" Foto: RIA Nóvosti

Organizadora do evento alega que tema nunca recebeu "atenção suficiente" Foto: RIA Nóvosti

Círculo de filmes e palestras vai abordar o papel dos gêneros na sociedade russa. Organizadores do evento não temem censura do governo por se tratar de um programa educacional.

Uma série de exibições e palestras no Muzeon Arts Park tem como objetivo discutir o que significa ser masculino ou feminino, heterossexual ou gay, diante da nova lei russa que proíbe a “propaganda homossexual”.

“Acho que na Rússia esse tema nunca recebeu atenção suficiente”, disse Maria Dudko, do grupo ativista n:o:r:m:a, um dos organizadores do projeto. “Diante dos recentes acontecimentos no país, essa é uma tentativa de estabelecer um diálogo.”

O projeto é comandado pela Escola Experimental de Estudos de Gênero de Moscou, um novo grupo que conta com a jornalista Masha Gessen e uma integrante da banda Pussy Riot entre os seus instrutores. O objetivo é introduzir teorias relacionadas a gênero, homossexualidade e feminismo ao público russo, muitos dos quais veem a palavra “gênero” como uma imposição ocidental duvidosa.

O site da escola disponibiliza um infográfico bastante irônico para explicar os princípios básicos dos estudos de gênero. O personagem rosa sorridente é acompanhado por gráficos e mostra conceitos como “identidade de gênero” em uma sequência contínua, o que sugere que o masculino e o feminino são um conjunto de papéis e expectativas sociais ao invés de características inatas. Desde seu surgimento na década de 1970, o campo de estudo se manteve sob controle da academia ocidental. Mas várias universidades russas oferecem atualmente programas de estudos de gênero, incluindo a Universidade Estatal de Moscou.

O programa começou na semana passada com a exibição de “Border Musical”, filme do coletivo de arte Chto Delat sobre uma mulher russa que se apaixona por um estrangeiro.

Entre os eventos futuros, estão programados uma discussão sobre gênero nos meios de comunicação de massa, uma palestra sobre gênero na arte soviética entre os anos 1930 e 1950, e uma sessão de cinema de Maria Godovannaia, estudante do eminente cineasta avant-garde lituano Jonas Mekas.

Dudko disse que os organizadores não temem serem multados pela nova lei. “Temos um programa educacional”, disse ela. “Não estamos propagando nada.”

Os eventos acontecerão até o final de setembro, e os participantes devem ter pelo menos 18 anos de idade.

Para mais informações, acesse www.gendermoscow.com

 

Publicado originalmente pelo The Moscow News

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