Fórum de Proteção dos Direitos Humanos, conhecido como "Pilorama", dedicado à memória das vítimas de repressão política, havia se transformado num festival com exposições, peças teatrais, cinema e debates políticos Foto: fedpress.ru
Há cerca de um mês, a cidade de Perm, capital da unidade federativa de mesmo nome, viu o projeto cultural de arte contemporânea do conhecido galerista e promotor de cultura Marat Guêlman ser cancelado. A notícia veio pouco tempo antes do recente anúncio do fim do Fórum de Proteção dos Direitos Humanos, conhecido como "Pilorama" (Serraria, em russo), dedicado à memória das vítimas de repressão política.
Segundo as autoridades, cortes orçamentários levaram ao cancelamento do festival.
Por outro lado, Krasnokamsk, outra cidade da região, vai receber o festival da cultura soviética "Moi Soiuz", que em russo significa Minha União.
Com cinco anos de história, Fórum de "Pilorama" havia se transformado num festival com exposições, peças teatrais, cinema e debates políticos.
Nesse tempo, o festival contou com a participação de muitas figuras influentes, como Vladímir Lukin, comissário de direitos humanos na Federação Russa, famosos defensores de direitos humanos como Serguêi Kovalev e Evguênia Tchírikova, o cantor e compositor Iúli Kim, o poeta Ígor Irténiev, o político e representante da oposição Boris Nemtsov, a estrela de rock Andrêi Makarevitch, além das centenas de políticos, sociólogos, jornalistas, músicos e outros cidadãos com posição ativa vindos de outras partes da Rússia e de países como Ucrânia, Bielorússia, EUA, Alemanha, Polônia, Letônia, entre outros.
O acampamento do festival, com capacidade para até 2.000 pessoas, instalava-se ao lado do Museu Memorial Perm-36, onde ficava o VS-389\12, um dos maiores campos soviéticos do sistema Gulag para presos políticos, incluído pela UNESCO na lista do patrimônio cultural mundial.
As pessoas participavam do festival com o objetivo de prestar homenagem às vítimas de repressões do passado, ouvir música e conversar.
Igor Gladnev, ministro interino de Cultura, Políticas Juvenis e Comunicações em Massa da unidade federativa de Perm comenta a situação:
"O ministério liberou 2,5 milhões de rublos destinados à preparação da infraestrutura e à criação das condições básicas para os participantes. Entretanto, a ajuda financeira do ministério não prevê o pagamento das despesas relativas às passagens aéreas, alimentação e hospedagem dos participantes, assim como o orçamento regional não consegue satisfazer todas as demandas dos organizadores do projeto. A escolha foi feita, corresponde aos padrões legais e é necessária e razoável. Na mesma época, acontecerá um evento muito esperado, a abertura de um centro cultural regional, o Museu das Repressões Políticas Perm-36, que permitirá a participação da região no programa federal em homenagem às vítimas de repressão política".
No entanto, o novo museu já existe há muitos anos como uma entidade autônoma, sem fins lucrativos, que agora se tornará apenas mais um órgão público.
Em entrevista a Gazeta Russa, Víctor Chmirov, atual diretor do museu, confessou que fará o possível para que o festival "Pilorama" não deixe de existir.
"Pagaremos as despesas do fórum usando recursos de patrocinadores. Nesse ano, pretendemos organizar um evento que dará continuação ao festival. A partir de outubro serão realizados seus eventos tradicionais, tais como palestras, debates, exposições e demonstração de filmes conforme um programa já elaborado. Estamos cientes da situação especial vivida pela população de Perm nos últimos anos e agora reconhecemos todas as vantagens que o regime político atual traz para as unidades federativas do país", disse Chmirov.
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: