Búlgaros participam de protesto contra os alimentos geneticamente modificados na capital Sófia Foto: AP
Ao aderir recentemente à OMC, a Rússia foi obrigada a assumir alguns compromissos. Entre eles, as autoridades do país suspenderam a proibição à importação e plantação de sementes transgênicas em seu território nacional, bem como à venda de produtos transgênicos, deixando sua marcação a critério do vendedor.
A iniciativa, porém, despertou a indignação de ativistas ligados à segurança alimentar, que organizaram protestos no final do mês passado. “Nossa ação reuniu cerca de 50 pessoas”, conta a diretora da Associação Nacional de Segurança Genética (ANSG), Elena Charoikina. Com a ajuda do movimento “Rússia sem OGM”, os ativistas estão coletando assinaturas para transformar a Rússia em uma zona livre de OGM.
A coleta de assinaturas tem como objetivo solicitar formalmente ao presidente do país para impedir a entrada dos alimentos transgênicos no país e manter em vigor a norma que obriga a rotular os produtos. “As pessoas devem ter a possibilidade de escolher quais produtos comprar em uma loja. Consideramos que a rotulagem dos alimentos transgênicos deve ser obrigatória”, explica Charoikina.
Hoje em dia, mais de 150 países, como a Suíça, Sérvia e Bulgária, são considerados zonas livres de OGM.
O presidente do conselho púbico do Ministério da Agricultura, Andrêi Danilenko, explica que as empresas utilizam os OGM porque são mais resistentes a pragas e têm um rendimento maior do que as culturas comuns nas mesmas condições. “Nos EUA, na América Latina e na Ucrânia, o cultivo de culturas transgênicas é completamente normal”, acrescenta.
Por outro lado, o especialista acredita que a Rússia tem um território tão vasto que pode obter todos os alimentos necessários pelo cultivo tradicional. “Nosso país concentra mais de 20% das terras aráveis do mundo”, diz representante do ministério.
Para tanto, seria preciso aumentar a produção de sementes, por exemplo, já que a maior parcela das sementes consumidas na Rússia é importada. “Além disso, é importante criar um sistema eficaz de controle sobre a presença de OGM nos alimentos”, ressalta Danilenko. “Recursos para isso não faltam.”
Contrariando os ativistas, o diretor do Centro de Nanobiotecnologia da Universidade Russa de Agricultura, Valéri Glazko, acredita que as novas plantas poderão contribuir para o surgimento de uma nova geração de pessoas “mais inteligentes” e alimentar o mundo. “A fome é uma questão cada vez mais preocupante. Estamos diante de uma escolha: canibalismo ou organismos geneticamente modificados”, arremata o cientista.
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