Ex-vice-premiê é o novo presidente da Academia de Ciências da Rússia

Fortov assumiu a missão de modernizar a indústria nacional de tecnologia Foto: ITAR-TASS

Fortov assumiu a missão de modernizar a indústria nacional de tecnologia Foto: ITAR-TASS

Vladímir Fortov prometeu vencer burocracia na instituição e ajudar a reerguer o prestígio da ciência nacional.

Na última quarta-feira (29), o físico russo Vladímir Fortov foi eleito novo presidente da Academia de Ciências da Rússia, com cerca de 60% dos votos no primeiro turno. Durante sua campanha eleitoral, Fortov prometeu reduzir o nível de burocracia na instituição e ajudar os jovens cientistas a elevar o prestígio da ciência nacional.

“Tenho certeza que saberemos encontrar uma linguagem comum com nossos adversários e com aqueles que ainda não entendem como a Academia funciona nem quantas coisas úteis ela pode oferecer ao país”, disse Fortov logo após a eleição.

Raio-X

Autor de mais de 500 trabalhos científicos próprios e com 7.745 citações, Vladímir Fortov venceu diversos prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio Nacional da Federação Russa e o Bridgman. Fortov já foi vice-primeiro-ministro da Rússia (1996-1998), ministro da Ciência e Tecnologia (1996-1998) e vice-presidente da Academia de Ciências da Rússia (1996-2001), entre outros cargos públicos. Atualmente, faz parte do conselho científico e tecnológico da Corporação Estatal de Nanotecnologia (Rosnano) e do conselho consultivo do Centro de Inovação Skôlkovo.

O novo presidente pretende aumentar o papel dos centros científicos regionais nos Urais, na Sibéria e no Extremo Oriente russo. Esses centros científicos regionais passarão a cooperar com as universidades e entidades econômicas locais no desenvolvimento de projetos de alta tecnologia.

Fortov também considera necessário substituir o equipamento obsoleto de muitos laboratórios da Academia de Ciências e dar prioridade à compra de produtos nacionais para estimular o desenvolvimento da indústria nacional de alta tecnologia.

Entre os planos do novo presidente está ainda a introdução na Rússia do sistema de pós-doutorado semelhante ao vigente nos países ocidentais.

A eleição deve ser aprovada pelo presidente do país, Vladímir Pútin, mas não há dúvidas de que o líder russo irá conceder um parecer positivo sobre a escolha.

Polêmica interna

Entre os concorrentes estavam o Nobel Geres Alfiorov, visto pelos académicos como uma figura próxima do governo, e o economista Aleksandr Nekipelov, que faz parte da administração de várias companhias de petróleo russas.

O ex-presidente, Iúri Ossipov, que ficou responsável pela instituição desde 1991, elogia o trabalho da Academia de Ciências ao longo de seus 22 anos de existência por ter conseguido manter o “status de principal organização científica do país”.

No entanto, como mostraram os resultados da votação, nem todos os acadêmicos concordaram com a avaliação otimista dada pelo ex-presidente. “Fomos ultrapassados pelos chineses e coreanos, estamos perdendo para a ciência americana e europeia, e os indianos estão cada vez mais perto”, declarou o diretor do Instituto de Etnologia e Antropologia, Valéri Tichkov, citado pelo  jornal “Kommersant”.

O Nobel Andrêi Geim, que trabalha desde 1990 no exterior, foi ainda mais incisivo ao se referir à Academia de Ciências da Rússia como “casa de repouso”.

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