Foto: Aleksei Malgavko / RIA Nóvosti
A polêmica em torno do direito dos russos ao livre acesso a armas de fogo ora abranda, ora ganha nova energia. Segundo dados recentes, no entanto, a maioria da população se mantém contrária à legalização de posse de armas.
De acordo com estatísticas do Centro de Estudos de Opinião Pública Zircon de setembro do ano passado, 74% dos russos é contra a ideia de legalizar a posse e o porte de armas de fogo curtas para a autodefesa.
Em 1991, por exemplo, segundo levantamento do Centro de Pesquisas Sociológicas Levada-Center, a ideia era contestada por 76% da população.
Nos últimos dois anos, no entanto, de acordo com os dados do Centro Zircon, a opinião pública se tornou mais favorável à legalização da posse de armas. O percentual dos que apoiam a iniciativa cresceu de 14% para 22%.
Os sociólogos atribuem o acréscimo ao fato de os debates impulsionados por quem apoia a ideia estarem dando frutos. Como resultado, cada vez mais russos começam a encarar armas de fogo como meio eficaz de autodefesa.
Vale lembrar que possuir uma arma não é um sonho irrealizável para a maioria dos russos. Segundo a legislação local, a partir dos 18 anos, qualquer cidadão tem o direito de adquirir uma arma de alma lisa e cano longo [a alma é a parte oca do interior do cano].
Legislação dura
O Ministério do Interior estima em cerca de cinco milhões o número de civis que possuem armas no país. Mas a lei local proíbe a posse de armas de fogo curtas e dificilmente se tornará mais branda em um futuro próximo.
Após um drama sangrento no outono do ano passado, quando, em um ataque de fúria, um advogado de uma empresa de Moscou baleou e matou seis colegas de escritório, as autoridades do país anunciaram que endureceriam a lei sobre o tema.
Recentemente, por exemplo, o governo russo reagiu negativamente à iniciativa do Partido Liberal Democrático da Rússia, liderado por Vladímir Girinovski, de permitir a civis usar alguns tipos de armas de fogo curtas para a autodefesa.
"A livre circulação de armas de fogo raiadas curtas terá um impacto negativo sobre a segurança pública no país", afirma um relatório oficial sobre a iniciativa defendida pelo partido.
Para o deputado federal Aleksêi Juravlev, que acredita não haver a tradição de posse de armas de fogo na Rússia, sua livre circulação pode ter consequências muito negativas.
No entanto, ao que tudo indica, a polêmica não vai terminar em breve.
"O livre acesso a uma arma não significa que o portador irá usá-la, mas que o criminoso saberá que tem em sua frente uma pessoa que pode possuí-la. Isso pode dissuadi-lo", disse o famoso advogado russo Mikhail Barchchévski.
De acordo com pesquisas, o número dos que apoiam a legalização da posse de armas de fogo curtas é 2,5 vezes maior entre as pessoas que tiveram a experiência de confronto com criminosos do que entre aquelas que não a vivenciaram.
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